
Pouco há para se admirar ou invejar em Fabiano: homem bruto, analfabeto, subserviente a “autoridades”. É certo que é um lutador, sim, mas quem, de nós, não é? Vaqueiro, acostumado à lida na caatinga, trabalhador explorado pelo patrão, refugiado da seca.
Pode ser que lhe invejem o amor que conquistou: Sinha Vitória. Mulher forte, companheira, que sabe fazer contas com sementes, que entende e pensa coisas que ele jamais conseguiria. Mulher sonhadora… que sonha em dormir numa cama de verdade. Realmente, uma vitória para Fabiano, para aquele que abaixa a cabeça e ensina o caminho a um soldado amarelo qualquer.
Há ainda, talvez, a favor do cabra a sua prole. Dois meninos sem nomes, um pequeno e outro maiorzinho. Não obstante as agruras que passam, admiram o pai. O pequeno sonha em usar os trajes de vaqueiro e ensaia mesmo montar numa cabra, mas bate contra o chão duro e seco como sua própria vida de criança sem destino.
Pensando bem, Fabiano é, sim, de se admirar, de se invejar, sobretudo, quando, em sua simplicidade, em meio a todas as adversidades, sofre pela perda de uma amiga, Baleia. A cadelinha que morreu por moléstia e chumbo, sonhando com um paraíso habitado por preás, ressalta no bruto a humanidade e o apreço à amizade. E há exemplo maior disso do que a vivência entre um homem na miséria e seu cão? Hão de ter inveja do vaqueiro, todos, pois nem todo cão caça preá.