Novos escritores, da internet para as editoras

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Cada nova mídia que surge é candidata a matar os livros, ou o interesse geral pela literatura. Pode ver, parece replay de gol em final de copa de mundo, tamanho a quantidade de vezes que este fato é repetido pelas más línguas.

Mas a realidade é bem diferente. A internet é prova disso.

Nenhuma ferramenta publicitária poderia ter o alcance que a internet obtém. Mesmo quando se repetem as táticas de marketing na venda de produtos, como os descontos, a rede oportuniza que várias pessoas estejam falando sobre aquela ação, permitindo um “boca a boca” muito eficiente e em nível global.

Mas de que forma isso influencia os escritores?

Bem, digamos que através duma migração. Blogueiros saem da internet para as editoras. E para isso nem é preciso citar Eduardo Spohr – sucesso com seus livros sobre anjos, primeiramente vendidos no site do Jovem Nerd, antes de chegar a uma grande editora. Há inúmeros outros exemplos, como Affonso Solano, que recentemente lançou o livro O Espadachim de Carvão, e Felipe Neto, com Não Faz Sentido – Por Trás da Câmera, ambos pela Casa da Palavra.

Entenda, o que está em discussão aqui não é a qualidade literária, e sim a migração de um meio para outro.

Outro nome que surgiu, neste sentido, foi o de Laísa Couto, denotando uma nova possibilidade que a internet propõe. No dia 31 de outubro – sim, propositalmente, no Halloween –, Laísa divulgou nas redes sociais que sua booksérie, Lagoena, história de ficção fantástica, será publicada em livro pela Editora Draco.

Mas o que seria uma booksérie?

Na realidade, o formato remete aos romances de folhetins, que eram publicados diariamente nos jornais, ou seja, em capítulos. A versão virtual deste modelo é a booksérie, com a variação, obviamente, de ser publicada na internet.

Usando deste meio, entre outubro de 2011 e maio de 2013, Laísa Couto publicou os capítulos de Lagoena no site BookSérie, além de correr atrás de divulgação em blogs literários, alcançando assim novos leitores.

“O principal para ter escolhido este caminho para Lagoena foi perceber como é difícil um autor iniciante entrar no mercado editorial logo de primeira. Li muitos depoimentos sobre isso, o exemplo maior é a preferência das editoras acolherem ‘autores iniciantes’ que têm ‘plataforma’. Então, seguindo essa dica, eu fui atrás da minha”, disse Laísa ao Homo Literatus, quando perguntada sobre ter feito esta opção de publicação por achar difícil conseguir uma editora.

O contato da escritora com a Editora Draco aconteceu depois de o livro passar por vários tratamentos. Laísa contratou uma preparadora de textos profissional, ato que geralmente acaba acontecendo somente depois que o livro chega à editora. Depois disso, ela afirmou se “sentir segura” para apresentar seu texto à Draco. Sua história com tom levemente sombrio teve um final feliz, ou um começo, pelo menos no plano editorial.

Quando perguntamos a ela se valeu à pena o esforço, a jovem escritora respondeu: “Valeu, sim e faria tudo de novo. […] Aprendi muito com o livro sendo publicado em formato de série virtual, acho que é uma experiência que nunca teria se tivesse percorrido o caminho tradicional. Se não tivesse feito, teria ‘quebrado a cara’. […] No final, acabou funcionando para mim, pensei em desistir, mas insisti, e Lagoena será publicada por uma boa editora”.

Há inúmeros exemplos desta migração da internet para as editoras. Enquanto uns ficam a profetizar o fim do livro, ele acha suas formas e se adapta, vencendo o tempo e garantindo seu espaço.

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