O cheiro da barata de Kafka

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Gregor Samsa

O fato é que não existe nada mais poético que o perfume. O perfumista é como o poeta, sente e transmite suas emoções. Assim como Gregor Samsa metamorfoseia-se em um inseto monstruoso, uma pessoa metamorfoseia-se através de um perfume. O único e grande problema é que não sabemos o limite de tal monstruosidade. Talvez se pudéssemos dizer que cheiros são universais, ou que o meu gosto é igual ao seu, mas sabemos, por experiências diárias: “Gosto: Cada um tem o seu!”.

É possível sentir os cheiros como os sons, em intensidades diferentes, e que dependendo disso, chega a incomodar. Podemos prender a respiração ou simplesmente inalar. Existe cheiro de morte, existe cheiro de vida. Existe perfume que diz: “Cheguei!” e outros que dizem: “Fui!”; todos eles transformam. Ah, os perfumes! O pão recém saído do forno, ou o pútrido infestado de micro-criaturas-invisíveis, todos com cheiros, diferentes, mas todos com cheiros. Cada um deles representam, ou querem representar algo, mas, como cada um tem seu gosto, fique à vontade em suas interpretações; só saiba que não existe nada mais poético que o perfume.

Falamos de perfumes e de cheiros. Quem melhor saberia falar sobre o assunto se não os egípcios?! – os fundadores da arte perfumista, e os entendedores dos cheiros e extrações naturais. Em meio a alquimias químicas o perfume sobrevive, sobre o francês: “Gosto: Cada um tem o seu!”

Os cheiros podem ser mais poéticos que a própria poesia, imaginem qual seria o cheiro do inseto-barata de Kafka! Bom ou ruim, seria o cheiro do inseto-barata de Kafka. Deixo você, caro leitor, com o cheiro da hemolinfa kafkaniana!

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