É interessante notar o que um título que se torna best-seller causa no mercado editorial.
De tempos em tempos, temos alguns fenômenos literários por causa disso. Recentemente a trilogia do romance 50 Tons de Cinza se tornou um sucesso de vendas e pode-se ver nas livrarias outros tantos títulos na mesma linha. Outro título, que embora não tenha a mesma força de mercado, mas que também parece fazer relativo sucesso, são os “guias das histórias politicamente incorretas”. Temos do mesmo autor o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, da História da América Latina e até da História do Mundo. Em comum, o autor quer dizer que absolutamente quase tudo que nos foi ensinado está errado, fomos enganados por professores e autores mal intencionados, com interesses ideológicos suspeitos. Ele deve partir do pressuposto que só tenhamos lido livros didáticos, quando muito. Pode ser, o que é uma pena. Ou melhor dizendo: ainda bem, porque assim compramos “guias politicamente incorretos” de tudo, e os tomamos agora como verdade. Segundo o autor, não há embasamento para a maioria dos “fatos históricos” em que acreditamos. Resta saber se o autor está bem embasado.
Alguns temas são temporais, passageiros, já outros permanecem imbatíveis, como é o caso dos títulos de autoajuda, aqueles que nos ensinam como ser feliz e se dar bem em todas as áreas da vida: no trabalho, na vida pessoal e social, etc. Sem esquecer, os livros de teor religioso que vão pelo mesmo caminho. E nos últimos tempos, um autor desse segmento lançou um livro com o espantoso título de Nietzsche Para Estressados. Animado com o sucesso do primeiro, lançou na sequência: Oscar Wilde para Inquietos, Kafka para Sobrecarregados, Hermann Hesse para Desorientados. Será que ele quis fazer graça? Não teve graça nenhuma. Chega a ser, invocando uma expressão religiosa, uma “blasfêmia”. Esperemos os próximos.
Não se trata de não recomendar a leitura desses livros, não nego que alguns sejam interessantes e até mesmo divertidos, e parece certo que temos muito a aprender, embora pouco a apreender. Mas algo que talvez seja curioso é pensar sobre a psique coletiva. Não esquecendo, claro, que estamos num determinado tempo da civilização: do que precisamos? no que queremos acreditar e por quê?