“O sepulcrário”, de Maik Bárbara, e clássicos do terror

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“O maior trunfo de O sepulcrário [de Maik Bárbara] pode ser descrito de forma bastante simples: inversão de expectativas.”

Cemitério abandonado na Comunidade de Airão Velho, no Amazonas - Cenário comum ao conto
Cemitério abandonado na Comunidade de Airão Velho, no Amazonas – Cenário comum ao conto

Em tempos modernos, de reinvenções, paródias e adaptações, é comum que nos esqueçamos dos clássicos. Muitas vezes, não propositalmente, mas acontece – ainda mais com clássicos de gêneros que, por muitos, não são levados a sério, como o terror. É aí que surgem obras como O sepulcrário e nos lembram de tudo o que estamos perdendo.

A história de Maik Bárbara começa com um narrador inusitado, a Morte. Ela se apresenta ao leitor e discorre brevemente sobre seu trabalho antes de passar a nos contar a história propriamente dita, que é a de algo que aconteceu envolvendo uma criatura que lhe escapa à foice já há muito tempo. No decorrer do conto, além de descobrirmos a identidade dessa criatura, ficamos sabendo também um pouco mais sobre suas motivações e seu modo de pensar.

sepulcrarioEmbora pudesse se beneficiar de uma boa revisão, como acontece com frequência a obras autopublicadas, a escrita do autor nos remete à dos clássicos já mencionados, os quais ele parece querer homenagear com o conto. Somos rapidamente lembrados da existência de Drácula ou de Frankenstein, livros de terror já fixos no imaginário popular. Principalmente se considerarmos a identidade do narrador – representado de forma muito mais sinistra do que em livros como A menina que roubava livros, por exemplo.

Além disso, um dos pontos mais interessantes do conto é a ambientação. O leitor é levado ao Amazonas, que é, surpreendente – por mais que se sentir surpreso com esse tipo de coisa seja uma infelicidade –, o lugar em que a criatura decidiu se esconder. Algumas das personagens secundárias são “índios góticos”.

O maior trunfo de O sepulcrário pode ser descrito de forma bastante simples: inversão de expectativas. Isso porque, a todo momento, o leitor é colocado em posição de xeque pela narrativa e acaba por se surpreender por algo cada vez mais inesperado. Se procura por grandes romances ou loucas aventuras, O sepulcrário não é o conto ideal para você. Aqui, Maik Bárbara cria um horror profundo e, de certa forma, requintado.

O sepulcrário e outras obras do autor podem ser encontrados na Amazon.

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