A arte imita a vida. Será que isso vale também para a literatura de terror?
Dizem que a arte imita a vida. Será que essa máxima vale também para a literatura de terror? Quais teriam sido, então, os casos reais em que grandes escritores, como Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, teriam se baseado para criar suas histórias? Sabemos que Bram Stocker deu vida a seu principal personagem, o Conde Drácula, inspirado em um homem real de hábitos excêntricos. Trazendo a discussão para os dias atuais, quais fatos inspirariam histórias aterrorizantes? Certamente, há muito pano para a manga. Basta acompanhar os jornais.
Os últimos anos foram bastante “inspiradores” para aqueles que escrevem terror. Recordemos algumas tramas sinistras registradas pelos noticiários e que também poderiam ter surgido da imaginação de um escritor talentoso. Alguns dos casos têm, ainda hoje, desdobramentos surpreendentes:
1 – Uma garota participa do assassinato dos próprios pais, tendo como cúmplices o namorado e o cunhado. Aos familiares, finge que nada aconteceu, até ser desmascarada pela polícia e presa.
2 – Um homem joga uma criança pela janela do prédio onde mora, a própria filha. Tem como cúmplice a esposa, madrasta da menina. O casal finge que tudo não passou de um acidente, mas logo os peritos policiais provam que algo trágico havia ocorrido naquele apartamento.
3 – Uma esposa ciumenta descobre um caso extraconjugal do marido, um importante executivo, e decide assassiná-lo. Ela dá um tiro na cabeça do homem com uma arma que, pouco antes, dera de presente a ele. A mulher esquarteja o corpo, esconde os pedaços em malas e os desova em uma cidade interiorana, voltando para casa como se nada tivesse acontecido.
4 – Um pintor de paredes convida uma mulher para ir até a sua casa, usa drogas com ela, a estupra, mata e enterra o corpo no chão da sala. O processo se repete por diversas vezes. O psicopata só é descoberto muitos anos após os crimes e, então, revela os corpos escondidos em sua casa.
Enquanto alguns estilos literários podem estar caminhando para a decadência, o terror continua em alta, inclusive na vida real. Talvez, até mesmo histórias sobrenaturais, no melhor estilo Stephen King, estejam acontecendo por aí. Se você escreve e tem interesse nesse estilo, basta observar atentamente e manter-se vivo. Quem sabe, recaia sobre você a responsabilidade de contar uma dessas histórias macabras.
Atualmente, há gente muito boa aterrorizando nesse espaço. Entre os escritores nacionais, um destaque para Rafael Montes, que lançou recentemente o livro “O Vilarejo” (Suma de Letras), uma série de contos sombrios e violentos. O autor afirma, logo no prefácio, que as histórias podem ter realmente acontecido e que foram apenas traduzidas de um diário de uma mulher, diretamente do simério para o português. Vale a pena conferir! (Veja uma resenha do livro feita em vídeo pelo Vilto Reis, editor do Homo Literatus.)
Outra obra de terror recém-lançada, desta vez estrangeira, é “A Canção do Cuco” (Novo Século), de Frances Hardinge. Nesse livro, a escritora inglesa conta uma fábula sombria e perturbadora, em que a personagem Triss descobre segredos sinistros sobre si mesma enquanto encara monstros que vivem escondidos em cantos secretos de sua cidade, devorando humanos, sob o comando de um perverso arquiteto sobrenatural.
Para quem gosta de terror, boas obras não param de surgir. Resta torcer para que essas histórias sanguinolentas cheguem a nós somente através das páginas dos livros. Boa sorte!