Quando a poesia é fruto da imaginação em delírio, escrevê-la é dar voz à alma. Não precisa necessariamente ser entendida ou explicada, a racionalidade é insuficiente para entendê-la. Seu entendimento passa antes pela percepção, por uma visão sensitiva do mundo e das coisas.
Este poema é um dos mais conhecidos de William Blake, um poeta visionário, considerado místico, onde estão contidos a beleza e o horror, e em algum ponto tudo parece se integrar e dessa fusão, não se percebe outra coisa, senão tão somente a beleza.
O Tygre – William Blake
Tygre, Tygre, fogo ativo,
Nas florestas da noite vivo;
Que olho imortal tramaria
Tua temível simetria?
Que profundezas, que céus
Acendem os olhos teus?
Aspirar quais asas ousa?
Qual mão em tuas chamas pousa?
Por que braço & que arte é feito
Cada nervo do teu peito?
E teu peito ao palpitar,
Que horríveis mãos? & pés sem par?
Que martelo? Que elo? Tua mente
Vem de qual fornalha ardente?
Qual bigorna? Que mão forte
Prende o teu terror de morte?
Quando em lanças as estrelas
Choraram ao céu, ao vê-las:
Ele sorriu da obra que fez?
Quem fez o cordeiro te fez?
Tygre, Tygre, fogo ativo,
Nas florestas da noite, vivo,
Que mão imortal armaria
Tua terrível simetria?