Um resumo sobre a polêmica em torno da entrevista
Na quarta-feira, 28/08, uma entrevista publicada no site do O Globo provocou um verdadeiro quebra-pau literário na internet. O título da matéria, um tanto infeliz, trouxe uma frase fora de contexto, que colocou o escritor Raphael Draccon (autor da trilogia Dragões de Éter e, mais recentemente, do livro Fios de Prata), em terreno delicado diante dos fãs de literatura. O excerto da entrevista, utilizado na chamada do texto, foi: ‘Rubem Fonseca, hoje, não seria publicado’, diz diretor do selo Fantasy.
Não demorou muito para que os representantes do cronista Rubem Fonseca, talvez tão reclusos quanto ele, abandonassem a zona de conforto para empreender uma verdadeira parede de escudo contra o escritor de fantasia.
Draccon não convocou os dragões, mas usou as palavras como modo de defesa diante do ataque. Um dia após a entrevista que saiu no O Globo, o autor um texto se defendendo, cujo título foi: Raphael Draccon: “Eu amo Rubem Fonseca”.
No mesmo dia, o próprio O Globo buscou uma reconciliação diante do possível dano causado à imagem de Draccon, publicando um texto em que esclarecia a polêmica. A matéria ressaltou a defesa que o escritor de fantasia fez em seu site: “A referência não foi ao escritor em si. Na ocasião, me referi ao ‘estilo Rubem Fonseca’ no sentido de se optar pelo isolamento e não exposição. Outro detalhe importante: a referência não foi ao mercado editorial por inteiro, mas especificamente na área de literatura fantástica nacional”.
De onde veio, para onde vamos
Com todo respeito ao O Globo, veículo de grande massa que ainda engatinha na internet, em minha opinião, foi uma falha bruta. Contudo, apenas revela a transposição de mídia, ainda equivocada. Apesar disso, pergunto-me qual o dano à imagem do escritor, observando de um ponto de vista de marketing pessoal? Até que ponto os leitores dos livros de Raphael Draccon veem no O Globo uma referência para acompanhar o trabalho do escritor que apreciam? Um público habituado a ouvir podcasts, ler blogs e ir a eventos, provavelmente está liberto da mídia tradicional.
O mais certo que tenha acontecido é os conservadores da literatura – dos quais respeito o gosto, mas não entendo a agressividade quanto aos livros de entretenimento –, passarem a desconsiderar o trabalho de Draccon.
Aos fãs de Rubem Fonseca, confesso que entendo a revolta, diante da frase fora do contexto. Porém, entendida a aplicação dela, certamente se há de concordar com o entrevistado.
Mas por essas horas, os fãs da literatura de fantasia de Raphael Draccon estão preocupados com coisas maiores, encarar dragões, por exemplo. Não têm tempo para estas polêmicas desnecessárias.