Os arquétipos em Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas

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Quem sabe através dos filmes que passam na televisão, você teve acesso à história de Os Três Mosqueteiros. Sim, Um por todos e todos por um, não, não, isso é só uma parte ínfima. Pra ser sincero, até onde lembro, e li o livro recentemente, a frase bem conhecida nem é tão importante assim na obra. Se não estou equivocada, aparece somente uma vez. Mas sabe o que salta aos olhos no livro de Alexandre Dumas? Os personagens, arquétipos bem construídos. Claro que a trama também é sensacional, porém me interesso pelos personagens e é sobre eles que desejo falar.

A seguir, vou discorrer sobre quatro dos personagens mais importantes do romance: Porthos, Aramis, Athos e D’Artagnan.

Porthos – por pouco não usei um palavrão para defini-lo, mas serei um pouco mais contido. Diria que Porthos se encaixa perfeitamente na ideia do deus grego Dionísio que Nietsche apresenta em O Nascimento da Tragédia. No romance de Dumas, o mosqueteiro caracteriza-se por seu comportamento impulsivo e contador de vantagens, embora honrado. É o típico sujeito que gosta de sempre aumentar as histórias em seu favor, principalmente aquelas em que se relacionam com duelos ou mulheres.

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Aramis – piedoso, é claramente alguém que se encaixa no perfil do deus Apolo, caso mantivermos a noção nietzschiana já citada. Aramis é um idealista que sonha no dia em que abandonará os mosqueteiros e vestirá a batina. Ganha alguns trocados vendendo seus poemas, ou seja, é um homem culto, rendido às emoções. Sua personalidade fica bem delineada quando está em jogo o dever diante do seu desejo, prefere se sacrificar em prol do que precisa fazer.

Athos – diferente de seus companheiros já citados, possui uma personalidade soturna. Nos momentos de crise, enquanto os outros se desesperam, ele mantém a frieza e age com calma. Parece sem sentimentos, mas na verdade apenas sabe controlá-los. Claramente, é o tipo de sujeito que serve de líder nos momentos de pressão, embora nunca procure ser o protagonista, pois se contenta em fazer o necessário.

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D’Artagnan – sem dúvidas, o personagem central do romance. Vê-se bem a inteligência de Dumas ao jogar com os personagens, afinal D’Artagnan concentra em si mesmo a personalidade de seus colegas, os três mosqueteiros. Adicionado ainda a seu modo de ser há certa “pureza” e “coragem ingênua” que caracteriza todos os heróis de histórias clássicas. O gascão chega à capital, Paris, e conduz o leitor por situações de aprendizado, afinal ambos, leitor e ele, estão entrando no universo de Alexandre Dumas.

Tamanha habilidade utilizada na construção dos personagens deste romance só poderia resultar numa obra de arte. Como o autor praticamente reúne todos os tipos humanos nos personagens centrais, torna-se quase impossível que o leitor não se identifique com algum deles. Há aí algo a se aprender para os mais atentos. E obviamente, abordei apenas quatro personagens, quando há muitos outros interessantes. Os vilões por si só renderiam um texto. Algo como “vilões de perto” (Milady de Winter) e “vilões de longe” (Cardeal Richelieu). Por hora, os personagens apresentados já dão o suficiente para se pensar.

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Ilustrações para Os Três Mosqueteiros por Maurice Leloir.

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