Um romance brasileiro com vampiros pode dar certo? Leia Os sete e descubra
Antes de falar sobre o romance, devo fazer uma confissão (calma, ela é útil para explicar o que senti ao ler Os sete): não gosto de vampiros. Não me leve a mal, apenas toda aquela história de Drácula e gente que bebe sangue sempre me pareceu um tanto quanto boba, uma história assustadora para crianças. Os filmes de vampiro, no geral, talvez com a exceção do divertidíssimo Um drink no inferno, também não ajudaram muito. A recente saga Crepúsculo e sua, bem, aquilo, deixaram claro que vampiros não me agradavam – e a onda originária desse boom me deram certeza.
Então li Os sete. Um romance sobre vampiros que se passa no Brasil contemporâneo e que de alguma forma maluca consegue ao mesmo tempo aliar cor nacional – mas não demais e parecer um nacionalismo piegas -, e (e isso é uma opinião de um leigo) o que é necessário para se fazer um romance sobre vampiros.
A história tem um mote interessante. Um grupo de amigos encontra uma caravela portuguesa naufragada. Dentre as relíquias que a caravela pode oferecer, há uma caixa feita de prata, sem abertura, na qual há a uma inscrição sinistra advertindo para que esta nunca seja aberta.
Adivinhem?
A caixa é aberta. Há sete corpos dentro, eles são levados para um laboratório para análise e algo estranho acontece. Primeiro um frio anormal assola o lugar e então um dos corpos começa a se recompor até literalmente retomar a vida (sem mais spoilers).
Bem escrito, Os sete foi publicado de forma independente por André Vianco – o que por si só já é um mérito. Hoje está sendo reeditado pela editora Aleph e seu trabalho maravilhoso.
Mas eu gostaria de falar sobre alguns pontos do romance. Tirando o fato que o motor da história são vampiros e seus poderes, é engraçado pensar que muitas vezes esqueci que lia um romance sobre eles. Em vários trechos, a prosa fluída e divertida de Vianco fez com que a história rolasse com naturalidade. Além disso, o bom e bem dosado conhecimento histórico traz informações interessantes que balançam a origem dos vampiros – não riam, só que o fato é que os vampiros são portugueses, inclusive falam como um, e dormiram num mundo de 500 atrás.
Há ainda, como dito acima, a cor nacional, sem nunca cair no clichê do nacionalismo boboca, com belas descrições e uma sensação de aconchego por pôr Os sete em lugares os quais conhecemos.
Em resumo, Os sete é um interessante romance brasileiro falando sobre vampiros. Se você quiser dar uma chance, talvez seja esta a sua escolha.