Criado em 1829 por Louis Braille, o sistema de escrita e leitura para cegos (Braille) abriu novos horizontes para aqueles que viviam à margem de uma vida afastada do conhecimento dos livros e da arte da escrita.
O deficiente visual distingue por meio do tato os caracteres em alto relevo que formam o alfabeto Braille, composto de 63 combinações que vão de letras a números, notas musicais e símbolos químicos. Todos os símbolos são universais e podem ser usados em qualquer língua. Existem dois tipos básicos de máquinas para a escrita em Braille: a mais antiga e mais utilizada é feita manualmente através de reglete e punção, o papel é colocado em uma prancheta e preso na reglete, a pessoa faz os pontos com o punção. Já a outra maneira consiste no uso de uma máquina de datilografia, que se diferencia das comuns por possuir apenas 7 teclas. Este último método é mais rápido que o primeiro, mas menos utilizado. Hoje, com os grandes avanços tecnológicos, já há impressoras em Braille.
Apesar dos grandes benefícios que o sistema oferece, o Brasil enfrenta dois grandes vilões que acabam impedindo uma maior propagação em Braille de obras importantes da literatura. Um deles é a falta de uma educação baseada no Braille desde o início da formação educacional. A maioria das escolas brasileiras não possui profissionais qualificados para atender as necessidades de ensino destas pessoas. O outro é a falta de obras adaptadas para o sistema. De acordo com a Fundação Dorina, 95% dos livros não são acessíveis aos cegos, uma porcentagem assustadora que fez surgir um projeto: o Palavras Invisíveis.
O projeto aponta uma necessidade de melhorias em relação aos poucos livros adaptados e distribuídos para os cegos. Esta grande desigualdade é retratada de forma inteligente na frase que abre o site, levantando uma reflexão sobre a posição das pessoas que possuem boa visão em relação à situação das pessoas que não possuem:
Este livro possui textos inéditos dos maiores escritores do país. Pena que você não pode ler.
O site do projeto lançou o livro Palavras Invisíveis, que contém 10 textos inéditos da literatura nacional exclusivos em Braille. Disponíveis na aba “Histórias”, em formato de vídeo, onde pessoas cegas leem em Braille textos de escritores como Luís Fernando Veríssimo e Martha Medeiros.
Além disso, é possível colaborar com a fundação Dorina Nowill para Cegos. Os dados se encontram no site, que também possui mais de 34.000 áudio livros disponíveis no Catálogo da Biblioteca da Fundação.
Uma maravilhosa iniciativa que serve como interruptor de novas ideias para a resolução de problemas envolvendo literatura e educação especial, podendo ser adotada por outras pessoas e fundações e gerar um ciclo de união e solidariedade com o próximo.
E então, o que acharam da iniciativa?