Ok, para início de conversa, o título não é meu, nem mesmo a ideia. É como se eu tivesse usurpando algo que encontrei, achando tremendamente interessante, principalmente porque continuo a me achar inteligente, mesmo que minha estante não tenha tantos Borges quando Meg Cabot e Sarah Mason.
Alguém disse, Anne Browning Walker repetiu e eu estou transcrevendo? Eu não sei, na verdade também ouvi em algum lugar e tenho quase certeza, você também: “meninas inteligentes não leem romances”.
Quem sabe a frase tenha vindo daquela visão de romance antiga, quando as mulheres necessitavam ser salvas por príncipes e não eram donas de seu próprio nariz, uma época em que as mulheres realmente ansiavam pela salvação do príncipe encantado. Os romances de hoje, eu agradeço, não são bem assim. As personagens, em sua maioria, são mulheres inteligentes com estudo, profissões e ambições que se adaptam às nossas ambições (e me coloco aqui como uma mulher inteligente, porque bem, desculpe a falta de modéstia, eu sou).
A arqueóloga, ou a médica de Marc Levy, a detetive de Nora Roberts, a iatista de Sarah Mason? Mulheres inteligentes, que despertam afinidades com as mulheres inteligentes de nossa época. E eu não estou aqui desmerecendo os romances antigos apenas tentando fazer uma distinção, porque sim, quando alguém fala que gosta de romance, ou “livro de mulherzinha” como eu costumo brincar, Julia e Bianca geralmente é a primeira coisa na sua cabeça e nada contra, mas nunca li para poder dizer.
Citando Anne: “Romances apresentam personagens arquetípicos, enredos ocasionalmente inventados, e finais previsíveis. Mas, espere … livrarias estão cheias de livros de ficção científica, fantasia, romances e novelas de mistério (…). No entanto, outros leitores de ficção de gênero, em vez de ser caracterizado como simplório ou não querem desafiar-se, muitas vezes estereotipados como inteligente. Então, o que dá?”
Eu me faço a mesma pergunta, então? Anne fala sobre o sexo. E mais uma vez me vejo a concordar. Em um mundo onde os homens ainda ganham tapinhas nas costas e as mulheres apelidos nada lisonjeiros, o sexo nestes livros é geralmente tratado como uma via, duas mãos e carros dirigidos por adultos donos de si. Ninguém tem obrigação de sair completamente satisfeito na primeira tentativa, nenhuma mocinha deslumbrada e tímida, porque vamos encarar, independente dos apelidos, estamos falando de mulheres deste século.
E, na verdade, mulheres inteligentes leem romances, mulheres inteligentes escrevem romances. Sarah Mason é formada em matemática pela Universidade de Bristol, Meg Cabot (sim, eu falo muito dela, prendam-me), em artes na Universidade de Indiana, Nora Roberts… Bem eu não sei aonde ela estudou, mas seus romances ficaram por 861 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times, e bem, acho que precisa ser ao menos um pouco inteligente para conseguir o feito.
E caso você pergunte, meu livro não está em nenhuma lista (quem sabe um dia?), mas recebo comentários interessantes… Sou formada em Engenharia Florestal, cursei Publicidade e Propaganda e ainda leio romances…