A Linguagem Literária

linguagem-literariaA literatura é um tipo de criação artística. Quanto a isso, não há dúvidas. No entanto, seu material é a palavra, que está longe de ser exclusiva ao uso literário. Se dificilmente uma pessoa não-profissional vai se arriscar a pintar um quadro ou confeccionar uma escultura, por exemplo, devemos considerar que a palavra é usada por todos, no dia-a-dia. O que diferencia, portanto, o uso comum e o uso literário de uma palavra? O que faz do escritor um artista, quando ele parte de um material de uso tão vulgar?

Segundo os formalistas russos, pertencentes a uma famosa corrente teórica do início do século 20, a linguagem literária é aquela que não pode ser reproduzida no cotidiano, ou seja, é uma linguagem trabalhada artisticamente, artificial. Por um lado, faz até certo sentido. Afinal, o mundo ficcional nunca corresponde totalmente à realidade, buscando manter uma coerência interna (o que se chama de verossimilhança). Podemos pensar em autores como Guimarães Rosa, que manipularam a linguagem a ponto de criar um vocabulário próprio. É o tipo de conversa que não acontece em um bar. Mas e se considerarmos os divertidos diálogos corriqueiros de Luis Fernando Veríssimo e a linguagem inovadora e popular dos modernistas? Nesses casos, o linguajar cotidiano se reflete, de certa forma, na literatura, que nem por isso passa a ter menos valor.

Não é o que se escreve ou que tipo de linguagem se utiliza, é a maneira como o processo é feito que determina o valor de uma obra literária. A linguagem literária não é uma simples reprodução, é uma recriação. Ainda que se parta da realidade conhecida e/ou da fala cotidiana, ela é sempre reinventada, fonte inesgotável de ideias.

E você, o que pensa do assunto? Não seja tímido e use as palavras para formular seu comentário!

Nicole Ayreshttp://sentimentosemcompotas.blogspot.com.br/
Professora de francês, Mestra em Teoria da Literatura pela UERJ, escritora e editora assistente no Homo Literatus. Apaixonada pelas palavras e pela vida. Não sabe definir os limites entre seu fazer artístico, professoral e humano, e nem pretende.
Nicole Ayreshttp://sentimentosemcompotas.blogspot.com.br/
Professora de francês, Mestra em Teoria da Literatura pela UERJ, escritora e editora assistente no Homo Literatus. Apaixonada pelas palavras e pela vida. Não sabe definir os limites entre seu fazer artístico, professoral e humano, e nem pretende.
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