Proseando: Adaptação de clássicos – louvável ou condenável?

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Muito se argumenta sobre a importância de ler os clássicos. Classificadas assim por sua universalidade, ao mesmo tempo históricas e atemporais, infinitas em interpretações, as obras clássicas certamente têm muito a nos ensinar. Mas qual é o momento adequado de iniciar esse tipo de leitura, e de que forma?

O ideal seria estimular a leitura desde a infância, é claro. Assim a criança iria progredir, no seu ritmo e de acordo com suas preferências, até leituras mais complexas. No entanto, sabemos que, normalmente, não é assim que acontece. Sem o incentivo em casa, a criança acaba tendo contato com a literatura somente ou principalmente na escola. Cabe à instituição, portanto, saber trabalhar essa competência.

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Série Literatura Brasileira em Quadrinhos, da editora Escala Educacional

Os livros clássicos costumam exigir uma leitura mais atenta, além de poder conter uma linguagem datada e situações históricas. Fazer com que crianças e adolescentes se interessem por eles não deve ser tarefa fácil. Utilizar adaptações poderia ser uma solução, defendida por alguns e questionada por outros.

Para citar alguns exemplos de adaptações de clássicos: existe a série Literatura Brasileira em Quadrinhos, da editora Escala Educacional, por meio da qual histórias como A Moreninha, Inocência, O Ateneu, O Alienista são reinventadas com a linguagem das HQ; a adaptação em um volume simplificado de Dom Quixote, feita pelo poeta Ferreira Gullar; em língua estrangeira, existem várias versões resumidas e simplificadas de acordo com o nível do aprendiz, geralmente disponíveis nos cursos de idiomas.

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Primeira página de “O Ateneu” na série Literatura Brasileira em Quadrinhos

Comumente, o argumento principal de quem critica a leitura de adaptações é que o enredo é priorizado em detrimento da linguagem literária. A história é recontada, mas detalhes importantes, como o estilo do autor, são perdidos. Isso é verdade. O que não quer dizer que um trabalho com adaptações não possa ser interessante. Afinal, toda história é relida e reinterpretada com o tempo. Adaptar histórias clássicas para um formato diferente, como a HQ, e/ou para uma linguagem mais contemporânea e simples é uma tentativa inovadora de aproximá-las do universo dos jovens. Assim, eliminados os obstáculos que a linguagem e a extensão da obra oferecem, como os problemas de compreensão de vocabulário, por exemplo, que podem desestimular e causar bloqueios de leitura, o jovem leitor terá contato com o contexto geral da obra clássica de maneira mais leve e criativa, e poderá mesmo se interessar pela leitura posterior da obra original, seja no caso de uma leitura em língua materna ou em língua estrangeira.

Então, as adaptações podem sim ser válidas, algumas são mesmo recriações muito interessantes, porém jamais substituirão integralmente o valor da obra original, é importante que se tenha essa consciência.

E você, tem alguma experiência com leitura de adaptações? Acredita que seja válido? Deixe sua opinião a respeito!

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