Proseando: O amor pela literatura

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Eu não sei exatamente de onde ele vem. Sei que, quando vem, vem forte e definitivo. A ponto de você não conseguir mais resistir. Sim, eu estou falando de amor. Mas de um tipo especial: o amor pela literatura. E, se você está lendo este texto, provavelmente entende bem o sentimento em questão.

Para começo de conversa, eu não acredito em pessoas que não gostam de ler. Acredito em pessoas que ainda não encontraram sua “alma gêmea” literária, isto é, seu gênero preferido. Que talvez tenham uma impressão equivocada de literatura como algo antigo e enfadonho, fruto de uma educação objetivista. As escolas precisam entender que é possível incentivar, mas o amor pela leitura precisa germinar naturalmente. Como todo amor.

Por exemplo, eu adquiri o hábito de ler em casa mesmo. Meus pais sempre me incentivaram a atividades culturais, minha mãe lê um livro atrás do outro (agora nós trocamos experiências e indicações). Eles costumavam ler para mim quando eu era criança; depois, eu passei a ler para eles. Outro dia, vendo com a família um vídeo caseiro antigo, uma cena em particular me emocionou: no final do meu aniversário de 8 anos, eu abria os presentes em casa, dentre eles uma caixa de livros infantis musicados; fiquei tão encantada que nem quis mais olhar os outros presentes, apenas abria e folheava os livros, sorrindo. Era o começo de uma linda história de amor.

Hoje, se não estou com um livro na cabeceira, já fico nervosa, compro mais livros do que posso ler, além da minha lista interminável de próximas aquisições, não tenho mais espaço para guardar todos os meus livros, adoro cheiro de livro novo, enfim, tenho essas manias típicas de leitor apaixonado. E acho absolutamente saudável. Ler, ao contrário do ultrapassado pensamento corrente moralista, não nos torna sonhadores bobocas fora da realidade, e sim nos ajuda a compreender melhor a realidade, por meio de situações fictícias. Aprendemos com os erros dos personagens e refletimos sobre suas experiências. Isso nos torna mais conscientes de nós mesmos e do mundo à nossa volta, nos ajuda a viver o dia a dia com mais sabedoria e leveza.

O bom é que a literatura não exige fidelidade. É um relacionamento aberto. Você pode amar vários livros e vários autores ao mesmo tempo, em total liberdade criativa. As bibliotecas e livrarias são os nossos haréns culturais. Pois esse não precisa ser um amor entre quatro paredes. Apesar de a leitura em si ser um processo solitário, ela pode promover sociabilidade também. Não é delicioso conversar sobre impressões de leituras com nossos amigos, assistir a palestras, ir a eventos como saraus, lançamentos e trocas de livros?

De alguma forma, ainda me sinto aquela menininha, fascinada ao receber livros de presente. Na idade adulta, tenho uma reação semelhante quando recebo alguma encomenda de livros pelo correio. Porque a literatura nos rejuvenesce e faz com que vejamos o mundo com o olhar curioso de uma criança.

Uma animação que reflete de maneira bastante bela e poética essa relação afetiva que criamos com os livros é Os Fantásticos Livros Voadores do Sr Morris Lessmore , que ganhou inclusive o Oscar de melhor curta-metragem em 2012.

E você, qual é a sua história com a literatura? Divida sua experiência conosco nos comentários!

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