Qual o tamanho da sua Coragem?

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Qual o tamanho da sua Coragem?
Brené Brown discursando no TED 2012. Foto: James Duncan Davidson / TED

Em “A Coragem de ser imperfeito”, Brené Brown fala sobre como nossas inseguranças podem ser fonte de força.

Brené Brown discursando no TED 2012. Foto: James Duncan Davidson / TED

Apresentação

A Dra. Brené Brown é professora e pesquisadora na Universidade de Houston, e foi com base em seus estudos de duas décadas que lançou os livros A Coragem de ser imperfeito e Mais forte do que nunca, que ocuparam o primeiro lugar na lista do The New York Times, e Eu achava que isso só acontecia comigo.  

A autora trata sobre assuntos que são muito evitados na nossa atualidade, como a vulnerabilidade, o medo, a vergonha e a imperfeição, mas também traz questões como a coragem, a empatia e a ousadia de viver, em sua obra de sucesso A Coragem de ser imperfeito.  

A coragem de ser imperfeito: Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é | Amazon.com.br
Fonte: Amazon

Viver consiste em correr riscos o tempo todo. As incertezas e a exposição emocional são de praxe, fazem parte da rotina. Mas isso não é necessariamente algo ruim.  

A vulnerabilidade não é uma fraqueza, como muitos acreditam, mas sim a melhor definição para coragem, como Brown deixa bem claro.  

Não ser bom o bastante

No primeiro capítulo, a autora fala sobre a cultura do não ser bom o bastante. Relata como o mundo está cada vez mais narcisista e como isso pode ser percebido nas músicas de maior sucesso, nas redes sociais e no dia a dia em geral.  

Essa epidemia do narcisismo está diretamente relacionada ao medo das pessoas de se sentirem comuns, de não serem boas o bastante. Todo esse sentimento ruim faz com que a escassez seja o nosso modus operandi. Nunca somos ou temos o suficiente, o que torna o terreno fértil para o desenvolvimento de três componentes nocivos: a vergonha; a comparação; e a desmotivação.  

Nunca ser bem-sucedido o bastante. 

Ou nunca ser poderoso o bastante.  

Nunca ser inteligente o bastante.  

Ou nunca ser magro o bastante.  

Nunca. Nada. O bastante. 

“O oposto a viver em escassez não é cultivar o excesso. Na verdade, excesso e escassez são dois lados de uma mesma moeda. O oposto da escassez é o suficiente, ou o que chamo de plenitude. Em sua essência, é a vulnerabilidade: enfrentar a incerteza, a exposição e os riscos emocionais, sabendo eu sou o bastante.” Brené Brown (pág.25 e 26) 

Mitos sobre a vulnerabilidade

A autora também cita e derruba alguns mitos sobre a vulnerabilidade de maneira muito interessante:  

  1. “Vulnerabilidade é fraqueza”: Vulnerabilidade é sentir, e acreditar que isso é fraqueza significa que qualquer sentimento também seja fraqueza. Não podemos abrir mão de nossas emoções por medo do custo alto que isso pode nos causar, pois seria como rejeitar o que dá significado à nossa vida. O amor, por exemplo, é algo incerto e oferece riscos. Amar alguém nos coloca em uma posição de exposição, afinal a pessoa pode não nos amar de volta. Mas não podemos deixar que o medo do abandono nos impeça de amar, não é mesmo? 
  2. “Vulnerabilidade não é comigo”: Ser ou não vulnerável não é uma opção, apenas temos o poder se escolher como vamos reagir diante de situações de incerteza e exposição emocional. 
  3. “Vulnerabilidade é expor toda a minha vida”: Jamais! Segundo a autora, o conceito se baseia na reciprocidade e requer confiança e limites. Devemos compartilhar nossos sentimentos apenas com pessoas que conquistaram o direito de estar ao nosso lado ouvindo nossas experiências de exposição emocional, sem julgamentos.  
  4. “Eu me garanto sozinho”: Brown enfatiza que essa jornada não foi feita para se enfrentar sozinho. Todos precisam de apoio na vida. Porém, mais importante do que saber prestar ajuda, é saber pedir ajuda. Além disso, a coragem de enfrentar a vulnerabilidade encoraja aqueles que estão a nossa volta a fazer o mesmo. Vulnerabilidade e coragem contagiam!  

Estudo, observação e conversas

Brown passou treze anos estudando sobre o assunto, mas vai muito além de uma fala acadêmica. No desenrolar de seu livro, ela mostra que, no meio de toda sua teoria e dados, houve também conversas com pessoas comuns, pais, professores, homens e mulheres, sobre experiências relacionadas à vergonha e à vulnerabilidade.

Com seu olhar observador, ela explica como a vergonha é um sentimento doloroso que nos faz acreditar que somos algo ruim, defeituosos, e como isso nos impede de abraçar nossa vulnerabilidade, limitando nossa capacidade de viver com ousadia. De acordo com a autora, pessoas que não são prisioneiras da vergonha são mais criativas, comprometidas, ousadas e dispostas a tentar inúmeras vezes até fazer dar certo aquilo que querem.  

Desse modo, superar sua vergonha e abraçar sua vulnerabilidade é, entre muitas formas, por exemplo:  

  • pedir ajuda; 
  • dizer não; 
  • começar seu próprio negócio; 
  • tomar a iniciativa daquilo que você tanto queria fazer; 
  • ir em um primeiro encontro amoroso; 
  • permitir se apaixonar; 
  • admitir que está com medo; 
  • ser demitido; 
  • ser promovido; 
  • dizer ‘eu te amo’; 
  • expor sua obra artística. 

E, entre tantas, a minha preferida: 

  • mostrar alguma coisa que escreveu, textos e histórias, para as pessoas. 

Muito além da auto-ajuda

Apesar de muitos terem preconceito com o termo “livro de autoajuda”, esta obra supera seu gênero literário, primeiramente porque é embasada em uma longa pesquisa acadêmica, com dados e relatos, e, principalmente, porque traz reflexões extremamente válidas para se viver uma vida mais saudável e feliz.  

A vulnerabilidade pode parecer linda no outro, um ato inspirador de coragem. Mas, ao mesmo tempo, é extremamente temida quando temos que enfrentá-la em nossa própria vida. 

Há aqueles que se fecham diante de vivências extraordinárias porque temem o fracasso, os erros e os julgamentos e, assim, se frustram com o distanciamento de seus desejos. Por outro lado, há quem se abre para as coisas novas e aceita se expor, superando o medo da inveja e das críticas e, por isso, acaba sendo mais autêntico, realizado e feliz.  

Encerro este texto com duas perguntas muito relevantes que a própria autora cita em seu livro:  

O que você tentaria fazer se soubesse que não iria falhar?  

E, mais importante do que isso:  

O que vale a pena fazer mesmo que fracasse?  

Créditos HL

Esse texto é de Gabriela Guratti. Ele teve revisão de Evandro Konkel e edição de Nicole Ayres, editora assistente do Homo Literatus.

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