Quinta da Poesia – Transcender

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Caros leitores e poetas, estamos aqui mais um momento reunidos para nos deleitarmos com poesias neste sarau virtual! O tema de hoje nos leva a um contato com o sobrenatural, neste tempo de Páscoa penso que avançar rumo à perfeição é um chamado necessário, e poesia é isso amar intensamente e transcender no amor, prossigamos então, sem mais delongas com os poemas selecionados:

Absorção

Morta a alma, o corpo vagueia.
Vazio, sem vida, sem sentir, sem ver,
Sem emoção, sem sorrir, sem sofrer,
Sem amar, sem chorar, sem noção de tempo.
Sem memória!
O tempo passa a memória não!
A memória registra!
Registra o que na vida se passou!
O que se passa.
Registra no in e subconsciente!
A memória, a minha foi programada,
A registrar coisas boas e belas da vida.
Foi programada para excluir,
Esquecer o mal e o que não é belo!
Lembro só de coisas belas e boas!
Entre as coisas belas, você!
Entre as boas o amor!
O prazer, a emoção!
Lembro a sua beleza
Que enche os olhos de prazer!
Lembro a bondade, o carinho
Que me enche de emoção.
Às vezes choro!
Lágrimas lavam os olhos
A ver melhor com clareza
Toda a sua beleza.
Medito com paixão
Em seu gesto, em sua ação!
E assim expulso a maldade
Que por ventura há no coração!
Absorvo o bem e o belo em você!

Nelson Linhaus

Ensaio sobre a Fidelidade

Fidelidade não é uma ação humana
pois não permite falhas
um simples erro
torna-nos infiéis

Fidelidade não é sentimento humano
somos egoístas, cruéis
nossa satisfação é prioridade
mesmo que seja reflexo de outrém

Fidelidade não é atributo humano
traímos quem amamos
mesmo sem querer
nós olhamos e devoramos

Fidelidade não é pensamento humano
ideias são governadas pelo eu
penso, logo existo
o eu infiel se faz implícito

Fidelidade então é ato divino
não corresponde a nós
é ato do Deus Conosco

Ser fiel é estar em sintonia
ser nós, ser tu, jamais ser eu
é necessário morrer para crer

Deus é fiel!

Juliano Rodrigues

Rito de Reiniciação

Subtrai-me, Senhor
essa juventude vulnerável
que insiste em ficar,
posto que contrária ao meu tempo

Subtrai-me, Senhor
essas madrugadas sem lua,
sílabas e letras infames
e me refaça em calma de luz
Apascenta-me, Senhor
como à ovelha desvairada
perdida em eclipse lunar

Esparge-me de desejos maternais
Retira-me esse sol vermelho
que insiste em brilhar
Se (im)preciso
Retira-me até o sangue
e aortas e veias
faz-me pura essência de flores

Retira-me raízes profundas,
insistência em amar
Retira-me, Senhor
essa incógnita,
porque martírio

Coabita em meu ser e
me transmuta plena
sem desejo de outro

Subtrai-me metade alucinada,
fardofosso do diferente,
sem limites, sem regras
Acalma essa alma,
origem sísmica
porque se faz descabida
profusão de anseios em meu tempo

Apascenta-me, Senhor
permita-me alma que não lateja,
não se contrai, não anseia,
porque passageira apenas

Já não mais suporto
o do que já me pertence
Revolve a minha terra
e me reconfigura
e ao que de mim simula
impiedade pior

Celeste Fontana

Nelson Linhaus inicia com um chamado a esquecermos o que é mal, a retermos o bem, para vislumbrarmos o bom e o belo, e que Ele se manifeste. O formato rompe o padrão alinhado a esquerda, pois devo respeitar o processo criativo do autor que assim me enviou. Em continuidade, faço um ode à fidelidade, buscando elucidar a verdadeira fonte dela, que venhamos a beber desta fonte, o que também foi citado no post sobre o Sarau Facamolada. Encerro com nossa amiga Celeste Fontana, cujo nome já transcende, que convida o Ser Supremo a habitar em nós e nos moldar novamente, como o oleiro o faz com o barro.

Aos recém chegados, todas as quintas publico as poesias que os leitores e colaboradores do site enviam, assim como, publico algumas minhas eventualmente, se desejares ver uma sua aqui envie para [email protected]. Abaixo aguardamos o seu comentário, e sigamos amando e vivendo poesia!

Feliz Páscoa!!

Juliano Rodrigues

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