Razões e meios para (tentar) se tornar estúpido

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Em Como me tornei estúpido, o escritor Martin Page mostra criticamente a sociedade contemporânea e a crise de identidade do homem pós-moderno, tudo com um humor ácido e divertido.

Martin Page
Martin Page

Antoine é um rapaz jovem, inteligente, porém… Ele acredita que sua vida não está dando certo e que ele não consegue ser bem sucedido, ajustar-se na sociedade justamente pela sua inteligência. Seu senso crítico apurado, seu alto grau de racionalização de tudo não lhe permitem relaxar, ser positivo, fruir a vida como uma pessoa comum. Após chegar à conclusão de que os estúpidos é que são felizes, ele decide, de caso pensado, tornar-se um. Isso depois de tentar virar alcoólatra, o que não foi possível devido a sua baixa resistência à bebida, e de pensar em se matar, ideia da qual desistiu quando participou de um curso de suicídio. Antoine anuncia, então, a seus seletos amigos, sua decisão de se tornar estúpido. Ele procura um antigo colega, atualmente empresário famoso, que lhe consegue um emprego em sua firma. Afasta-se de tudo que remete à cultura e à reflexão, fica rico por um acaso, gasta dinheiro em futilidades, torna-se um capitalista desenfreado. Com isso, perde seus verdadeiros amigos, modifica sua personalidade e, nem assim, consegue encontrar satisfação ou sentido em viver.

Esse é o enredo do romance Como me tornei estúpido, de Martin Page. Com um humor ácido e muito divertido, o autor mostra criticamente a sociedade contemporânea e a crise de identidade do homem pós-moderno. Ser inteligente é mesmo uma vantagem? Não é muito mais sofrido ter consciência das coisas? No entanto, o extremo oposto, ser estúpido, pode ser uma solução? Será que não existe um equilíbrio entre a inteligência e a banalidade? São reflexões que o leitor se faz ao longo da história, ao mesmo tempo em que se diverte com as desventuras do atrapalhado Antoine.

É um romance leve, que esconde uma profundidade crítica. Daqueles que se lê despretensiosamente e acabam surpreendendo de maneira positiva. Vale a pena torna-se estúpido (ou não) junto com Antoine.

 

Referência:

PAGE, Martin. Como me tornei estúpido. Tradução Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

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