(Re)nascer em tempos de pandemia: uma carta à Moana Mayalú, de Talíria Petrone

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(Re)nascer em tempos de pandemia: uma carta à Moana Mayalú, de Talíria Petrone

Porque é necessário renascer em tempos pandêmicos

Que mundo encontrarão aqueles que nascem agora durante tempos de coronavirus? Como fazer aqueles que já estão aqui renascerem em seu próprio ser mirando o amanhã pós-pandemia?

É com um texto tocante e reflexivo que a deputada federal Tarília Petrone (PSOL-RJ) nos compartilha todas as suas preocupações em relação ao que não só sua filha encontrará futuramente, mas com o que nós fazemos agora.

(Re)nascer em tempos de pandemia: uma carta à Moana Mayalú faz parte da coleção Pandemia Capital, lançada pela Boitempo Editorial em formato de e-books e pequenos livros impressos de leitura rápida e preços acessíveis.

São ensaios e reflexões acerca da epidemia de COVID-19 e o isolamento social que ela trouxe. O livro da Talíria chega como uma carta de amor e alerta sobre o significado de nascer e renascer nestes tempos difíceis.

“Gestar em tempo de coronavírus tem sido solitário, preocupante, mas também imensamente desafiador. Exige coragem”.

Não, a pandemia não é democrática

Desde as primeiras notícias sobre o vírus, vários cientistas listam como mais vulneráveis pessoas idosas e/ou com doenças crônicas já presentes no corpo, mas o perfil de vulnerabilidade ganha traços mais complexos no contexto brasileiro.

A questão é que no Brasil existem desigualdades de cunho socioeconômico e racial enraizadas na população, o que expõe outros grupos ao risco de morte.

Com uma ternura e delicadeza maternal em sua retórica, a autora faz uma reflexão sobre a gravidez, a solidão durante o isolamento social e o impacto da pandemia de COVID-19 com recortes de raça, gênero e classe, principalmente na vida de mulheres negras e que vivem nas periferias das cidades brasileiras.

Não é para menos, segundo uma análise promovida pelo Observatório Covid-19 BR, sobre a desigualdade racial e socioeconômica entre os distritos de São Paulo mostra que as populações de pele preta, com renda mais baixa e pouco escolarizada possuem maior risco de chegar a óbito pela doença.

Tal análise mostra claramente que o país precisa resolver de uma vez por todas, seus problemas estruturais do passado para construir um futuro melhor para todos, sem mais retrocessos. E esse é o desejo da autora:

 “Nasce uma criança. Eu renasço no parto. Nascerá um mundo novo? Não posso dizer que sim, mas, com você, posso ter o tanto de fé necessária para continuar a trabalhar por ele”.

O novo sempre vem

Então que mundo pode renascer pós-pandemia? Nas palavras da autora:

“essa pandemia deixará dores antigas […]. Entretanto, os gritos indignados podem, quem sabe, acordar toda a vizinhança. E de vizinhança em vizinhança, mais e mais gritos indignados podem derrubar aquilo que já está carcomido”.

(Re)nascer em tempos de pandemia

Não temos as respostas de como chegaremos ao mundo que queremos – não tenho certeza também se elas e eles tinham –, mas sabemos o que queremos e, mais ainda, o que já não suportamos.

A mensagem que a carta nos deixa é que devemos fazer o nosso melhor hoje para acreditar num mundo melhor pós-pandemia.

Há na obra um clamor pela mobilização social a uma vida comunitária e mais justa. Temos que nos ater ao que há de melhor em cada um de nós e não podemos ficar parados. As vidas da população brasileira não podem ser minadas em benefício do lucro de poucos, não devemos nos calar.

Moana Mayalú nasceu no último dia 06/06 e já começa a experimentar o mundo como ele está agora, então que o mundo renasça com a força que nos une a voar e não cometer as mesmas falhas tão ultrapassadas que até aqui nos acompanharam.

Referências:

PETRONE, Talíria. (Re)nascer em tempos de pandemia. São Paulo: Boitempo, 2020.

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