Resenha: A Bolsa & A Vida – Carlos Drummond de Andrade

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Volto a falar de Carlos Drummond de Andrade, desta vez com suas crônicas. Hoje mostro a obra “A bolsa e a vida” originalmente lançada em 1982, e publicado novamente pela Companhia Das Letras na mesma coleção (com edições lindas, por sinal) de “Contos Plausíveis”.

O livro conta com crônicas escritas entre os anos 50 e 60 e publicadas na coluna do autor no jornal Correio da Manhã. Com temas recorrentes das manchetes da época, como a visita de um presidente italiano, ou até a situação das favelas da época. Outros textos também retratam a situação da sociedade naqueles tempos, com todos os dramas e alegrias. Além disso, imagens nas primeiras páginas ilustram o contexto histórico de algumas crônicas, com recortes de jornais ou mesmo lugares descritos em algumas das obras.

A explicação para o título segundo o próprio autor é a seguinte:

A Bolsa & A Vida - Carlos Drummond de Andrade

O título A bolsa & a vida não deve ser interpretado em sentido truculento. A bolsa é uma bolsa modesta de comerciária, achada num coletivo. E a vida é isso e tudo mais que o livro procura refletir em estado de crônica, isto é, sem atormentar o leitor – apenas, aqui e ali, recordando-lhe a condição humana. 

Um dos destaques, sem dúvidas, é a crônica que dá parte do nome do livro. Em “A Bolsa” , o escritor narra a sua jornada em busca a dona de uma bolsa preta, encontrada no banco de um coletivo. O que era no inicio uma novidade, por ser, segundo o próprio, o primeiro objeto achado em toda a vida, se torna uma odisseia, diante dos obstáculos encontrados. A história é dividida em quatro pequenos “capítulos”, cada um com um tempo da história. O final é divertido e até inesperado. E a história aqui, como em muitas outras do livro, parece ser atemporal, encaixando-se inclusive nos tempos de hoje.

O livro é delicioso de se ler, e traz nas crônicas a característica da escrita divertida do autor, com um toque de sarcasmo e até mesmo uma melancolia ao tratar certos temas, sempre com a poesia e a leveza que acompanha o peso do nome de Carlos Drummond de Andrade.  Sem dúvida é leitura quase que indispensável para quem gosta do gênero.

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