Henry David Thoreu (1817-1862) é considerado o pai-fundador do anarquismo. O ensaio A desobediência civil, no entanto, é o Gênesis de sua obra.
A edição de bolso da L&PM Pocket, trouxe até mim este curto, porém excepcional ensaio. Thoreau discute qual a função do governo, propondo que este deveria se envolver o mínimo possível.
“Deixemos que cada homem faça saber que tipo de governo mereceria seu respeito e este já seria um passo na direção de obtê-lo”. (Pg. 10)
A crítica do pensador se acentua ainda mais no que diz respeito à forma como os homens obedecem ao Estado, veja:
“A grande maioria dos homens serve ao Estado desse modo, não como homens propriamente, mas como máquinas, com seus corpos. […] Na maioria dos casos não há um livre exercício seja do discernimento ou do senso moral, eles simplesmente se colocam ao nível da árvore, da terra e das pedras”. (Pg. 13).
Thoreau usa de ironia ao relatar uma circunstância em que o Estado veio, em nome da Igreja, obrigar-lhe a pagar certa quantia em benefício de um padre, que seu pai assistia as pregações. A ameaça de “pagar ou ser preso” não foi o suficiente. Thoreau não pagou. Os conselheiros o obrigaram a fazer uma declaração escrita dizendo que ele “… [não desejava] ser considerado membro de
nenhuma sociedade juridicamente constituída à qual não tenha me associado”.
Estas e outras histórias de seu anarquismo – como a vez em que foi preso por não pagar impostos imobiliários – estão no livro A desobediência Civil.
Para encerrar, deixo uma frase de Thoreau como pergunta:
“Como pode um homem satisfazer-se com apenas ter uma opinião e deleitar-se com ela?”. (Pg. 24).