Resenha: A morte é uma transação solitária – Ray Bradbury

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A morte é uma transação solitária conta a história de um jovem escritor que no princípio do livro está no “grande bonde vermelho” voltando à cidade de Venice. Um homem lhe interpela sussurrando a estranha frase que dá título ao livro, mas ele não se vira para o dono da voz por pensar que o tal homem está bêbado. Quando chega à sua cidade, o jovem escritor se depara com um cadáver jogado ao rio dentro de uma jaula de leão; de formação sentimental fraca, ele começa a gritar histericamente até que os vizinhos vão até ali e chamam a polícia. Neste momento, o extasiado rapaz conhece o detetive Crumley. Então, a história tem seu gatilho inicial.

A quantidade de personagens marcantes que Bradbury consegue criar é sempre algo a ser destacado: Fannie, a ex-cantora de ópera que não sai jamais do seu quarto por ser enormemente gorda; Cal, o cabeleireiro que destroça o penteado das pessoas; Constance Ratigan, uma velha atriz de cinema mudo, mas que exibe formas muito atraentes; Shrank, o psicanalista neurótico que só tem livros pessimistas; Henry, o cego extremamente inteligente com sua percepção avançada; e por aí vai…

Outro ponto a ser destacado no livro é a forma poética como o autor faz suas críticas dentro do texto, como neste trecho:

“A vida de certas pessoas pode ser resumida com tamanha rapidez que não é mais do que uma porta que bate ou alguém que tosse numa rua escura, tarde da noite. Olha-se pela janela e a rua está vazia. Quem tossiu foi embora”. (pg. 102).

Não contive o riso, quando percebi que Bradbury inseriu um texto que na verdade falava dele mesmo, pois ele, na verdade, é o autor do conto sobre um homem que tem pavor por ter o seu esqueleto; porém, coloca como se fosse de seu personagem. Fica mais claro lendo:

“- Você tem imaginação. Ontem, lá na banca do Abe, li um conto seu sobre um homem que descobre ter um esqueleto dentro dele, o que o deixa morto de pavor. Cristo! Achei uma beleza. Como você consegue ter ideias como essa?
– Bem, tenho um esqueleto dentro de mim.
– A maioria das pessoas não se dá conta disso…”. (pg. 75).

Enfim, posso afirma que o livro é uma leitura gratificante, pois há suspense, emoção e bom humor.

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