Resenha: A Sombra no Sol – Eric Novello

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Fiz uma promessa a mim mesmo que faria uma resenha diferente deste livro, em comparação às que venho fazendo de outros.

Duas vezes. Dois momentos lendo. Um pela manhã e outro à tarde. Mas, apesar disso, incontáveis pensamentos que se remexiam numa tremular dança de incertezas. Estas sãos as sensações e incautos desejos que se manifestaram em mim, diante do texto do Eric. Eu explico. Comecei a ler o livro pela manhã, enquanto estava no ônibus indo ao trabalho. Sempre faço isso. Leio no trajeto, enquanto as pessoas ouvem música, conversam ou simplesmente jogam na janela os pensamentos que ricocheteiam em seus olhares vazios. Quando cheguei ao ponto onde deveria descer, metade do livro já tinha ido. A outra metade, consumi a noite na solidão do meu quarto, onde as paredes verdes – cor que detesto, diga-se de passagem – são testemunhas de minhas leituras silenciosas.

O livro, em si, conta a história de Ícaro, através de seu diário. No início do livro, Armando, gerente do bar Neon Azul, é enviado pelo o Homem a São Paulo com a missão de encontrar Ícaro, um garoto de programa de luxo. Detalhe, o rapaz está morto em seu apartamento. Ao chegar lá, Armando se depara com o diário do defunto e começa a ler a história dele. Seguem-se então os trinta textos que compõem a história e antecedem o final inusitado.

Em suma é isso, mas as palavras me traem ao não conseguirem expressar as reações que tive ao ler o livro. Eu sei, a culpa é minha, talvez eu não saiba as manusear de forma que elas exprimam as sensações.

Ainda sobre palavras, tem uma coisa no estilo do autor que me chama a atenção. Às vezes, quando pego livros atuais de autores nacionais de ficção, tenho a impressão que todos escrevem de forma muito semelhante, salvo pequenas variações. Não que isso seja um demérito, mas é o que me parece. Quando se trata do Eric Novello, no entanto, parece-me que há uma variação de estilo, o qual me prende a atenção. Que fique registrado que não ganhei nada para falar isso, mas estou apenas emitindo a minha opinião.

Para encerrar, deixo um dos trechos que curti do livro:

Às vezes me pergunto se não foi essa a nossa especialização evolutiva: aprender a implorar por mais de um farelo de atenção, uma cusparada ressecada de desejo. Nada de andar em duas pernas, viver em sociedade, usar o fogo e lapidar armas. Não foi isso que nos trouxe até aqui, a boca do precipício onde nos encontramos. A boca de língua úmida e lábios suaves que repete “venha para dentro de mim” com tanta delicadeza que parece recitar uma poesia de Álvaro de Campos.  (pg. 15).

 

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