Parece que o melhor do ano passado ficou para o final. “As vantagens de ser invisível” foi um dos últimos livros que li em 2012, e entrou na minha lista (imaginária, mas mesmo assim uma lista) dos cinco melhores livros do ano. Uma obra que eu lamento não ter conhecido alguns anos antes.
Acho que, de todas as pessoas, você entenderá, porque acho que você, entre todos os outros, está vivo e aprecia o que isso significa. Pelo menos eu espero que seja assim, porque os outros procuram por você em busca de força e amizade, e é tudo muito simples. Pelo menos foi o que eu soube.
Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.
Em “As vantagens de ser invisível” passamos um ano, cheio de altos e baixos, na vida de Charlie. Um garoto de 15 anos, tímido e que se acostumou a viver apenas como um mero observador. O livro acontece por cartas que Charlie escreve para “seu querido amigo”, pessoa que não sabemos quem é. Inclusive, não é possível afirmar que o personagem principal se chame realmente Charlie, visto que ele admite que os nomes citados nas cartas não são verdadeiros, para que o destinatário não saiba quem lhe escreve. Ao passar dos primeiros capítulos vemos o personagem deixar essa esfera de segurança e, com alguma ajuda do seu professor de literatura, passar de mero observador para realmente alguém presente. Assim, ele conhece Patrick e Sam, e é aí que a sua história “começa”.
A amizade dos três vai se desenvolvendo, e Charlie vai conhecendo um novo mundo ao lado dos novos amigos, e vendo que apesar de doloroso algumas vezes, encarar a vida de frente pode ser muito mais compensador. Chbosky retrata as emoções e dramas da adolescência na visão ingênua e amável do protagonista. Drogas, aborto, violência doméstica, homossexualidade e outros temas “polêmicos” dessa época intensa da vida são tratados no livro sobre o olhar de Charlie, assim vemos esses assuntos sobre um ângulo diferente.
Por mais “simples” que Charlie possa parecer, ele é mais complexo do que se imagina. Os fatos narrados durante o livro, com as lembranças mais antigas dele com sua família, principalmente sua Tia preferida, vão se entrelaçando para um final dramático e condizente com o resto do livro. Até a ingenuidade algumas vezes absurda do protagonista é explicada com o concluir da história. E no final, torcemos para que Charlie continue amadurecendo tanto no ano seguinte quando já cresceu até ali.
Outra coisa que chama muito a atenção no livro, são as referências musicais e literárias que o autor nos apresenta. “Pé na estrada”, “O apanhador no campo de centeio”, “O grande Gatsby” são apenas alguns exemplos do que aparece. Charlie gosta muito de ler, quer ser escritor, e Chbosky parece usar isso para incluir obras que estão completamente sintonizadas com o universo dos personagens e seus dramas. Isso também na música, que conta com clássicos como Beatles e Nirvana, e ilustra o tempo em que se passa a história (os anos 80), na visão dos jovens.
Seja por qual motivo, se você já foi adolescente, vai se identificar por pelo menos um aspecto desse livro, e ao final da leitura também vai poder afirmar:
Eu me sinto infinito.