Resenha: Gaia: Alerta Final – James Lovelock

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Uma mistura de ciência, filosofia e uma intensa paixão pela Terra são os componentes do livro Gaia: Alerta Final, de James Lovelock.

Por que alguém como eu, que bebo literatura em galões, leria um livro como este? A resposta é simples, curiosidade não faz mal a ninguém. É o segundo livro que leio deste cientista; o primeiro que li, A Vingança de Gaia, fez surgir a ideia do livro que estou escrevendo, Filhos de Gaia. Diferente do meu livro, que é o que se pode dizer de uma “fantasia científica”, os livros de Lovelock são puramente científicos, porém escritos de uma forma que seja acessível ao público leigo, como eu e, suponho, você.

Nesta obra, o cientista explora mais a “Hipótese de Gaia”, a qual, em poucas palavras, afirma que a Terra comporta-se como um organismo vivo que é autorregulador de sua temperatura. Além disso, ao descrever a resistência de mais de vinte anos que enfrentou até que a comunidade científica aprovasse sua hipótese, como teoria aceita; o que na escrita de Lovelock acabava revelando como muitos cientista trabalham apenas com o intuito de receber verba dos governos.

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A ciência é, grosso modo, dividida entre o pensamento cartesiano racional dos cientistas da Terra e da vida e o pensamento holístico dos fisiologistas, engenheiros e físicos. Os cientistas racionais têm aversão a insights; preferem muito mais explicações fundamentadas passo a passo em dados confiáveis e metódicos. Consideram o insight um filho da intuição, algo irracional extraído de uma confusão de dados aparentemente conflitantes. Eles podem ter aversão, mas os grandes passos na ciência surgem do insight tanto quanto da análise e síntese racionais. (pg. 187)

Mais ainda do que expor as nuances do mundo científico, o escritor expõe nossa situação como seres humanos, diante de um possível catástrofe global. Lovelock ironiza os movimentos verdes com seu slogan “salve o planeta”, pois, segundo ele, muita antes que a Terra venha morrer, nós provavelmente já seremos varridos de sua face.

Somos o que somos porque a seleção natural nos fez o predador mais obstinado que o mundo já viu. O tiranossauro foi substituído até por pequenos mamíferos. É absurdo esperar que mudemos a nós mesmos como seria esperar que crocodilos ou tubarões se tornassem, através de um grande ato de força de vontade, vegetarianos. Não podemos alterar natureza e, como será visto, o tribalismo e o nacionalismo inatos que fingimos deplorar são os amplificadores que nos tornam poderosos. Tudo que podemos fazer é tentar moderar nossa força com decência. (pg. 221)

Para finalizar, é uma leitura para aqueles que gostam de refletir e que buscam não respostas, mas as perguntas que orientarão nosso futuro.

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