Resenha: Jogos Vorazes – Suzanne Collins*

Em um futuro alternativo a América do Norte se tornou Panem, um país economicamente e territorialmente dividido pela sua Capital em 12 distritos. A Capital, uma cidade moderna e desenvolvida é núcleo de um governo ditatorial que explora o trabalho dos seus distritos, enquanto estes sofrem com a pobreza e a fome. Há certo ponto desta introdução, chegamos a nos perguntar: se os distritos sofrem tanto com o descaso e humilhação da Capital porque eles não se unem contra ela para reverter esta situação?

“Levar as crianças de nossos distritos, força-las a se matar umas às outras enquanto todos nós assistimos pela televisão. Essa é a maneira encontrada pela Capital de nos lembrar de como estamos totalmente subjugados a ela. (…) A mensagem é bem clara: “Vejam como levamos suas crianças e as sacrificamos, e não há nada que vocês possam fazer a respeito…”

Pois bem, no passado eles se rebelaram e o resultado foi um grande massacre que dizimou o 13º distrito e também resultou na criação dos Jogos Vorazes.
Todos os anos a Capital, para assegurar sua supremacia e mostrar o lugar dos distritos, promove os Jogos Vorazes, no qual um casal de cada distrito, entre 12 e 18 anos, é sorteado para “jogar” em um campo, quase como em um reality show, até que sobreviva apenas 1.
Em meio a tudo isso, conhecemos a protagonista Katniss Everdeen. Forte e determinada, ela tem 16 anos e desde a morte de seu pai, em um fatídico acidente nas minas de carvão, se tornou a chefe de casa. Vivendo no distrito 12, o mais miserável de todos os distritos, ela cuida de sua mãe, que vive depressiva após a morte do seu marido, e sua irmã mais nova, Prim. Katniss faz de tudo para sustentar e manter sua família viva, e ao lado de seu melhor amigo, Gale, se aventura além dos limites da cidade para colher e caçar para depois revender tudo ilegalmente.
Enquanto todos os cidadãos de toda Panem e também do distrito 12 se preparam para o sorteio dos tributos para os 74º Jogos Vorazes, Katniss fica apreensiva, pois seu nome aparece várias vezes na urna, tudo para que Prim tenha seu nome lá apenas uma vez. Mas contrariando todas as probabilidades o nome a irmã de Katniss é o sorteado e, desesperada diante da perspectiva de sua irmã ter que participar de algo perigoso e mortal, Katniss se oferece para ir para os jogos no lugar dela e assim se junta ao sorteado filho do padeiro, Peeta Mellark.
Os dois são levados à Capital onde são preparados. Após treinos, testes e entrevistas em meio a todo o glamour da Capital, eles, juntamente com os demais tributos de outros distritos, são levados à Arena para que o jogo e a ação enfim comecem.

“Como deve ser, imagino, viver num mundo onde a comida surge com um apertar de botões? (…) O que eles fazem o dia inteiro, essa gente da Capital, além de decorar os próprios corpos e esperar cada novo suprimento de tributos que vão morrer para garantir a diversão deles?”

Jogos Vorazes é um livro juvenil que vai além das fronteiras estabelecidas entre drama, ação e romance. Ele é repleto de ação, tem momentos tensos, situações inesperadas e também algum suspense. A protagonista é forte, corajosa e inteligente nos cativando e prendendo nossa atenção. Ela é realista e não romântica e indefesa como aquelas garotas que estamos acostumados a ver atualmente nos livros de ficção.
Suzanne Collins tem uma escrita boa e fluida. O mundo distópico que ela criou é muito incrível, principalmente porque espelha a nossa sociedade em muitas coisas negativas que existem nos dias de hoje, uma crítica social bem feita sobre a exploração de muitos, para a riqueza de poucos.
Muito se falou da questão da política de “pão e circo” que a Capital utiliza – assim como nosso mundo real, pois a vida de todos os habitantes de Panem para, para que eles possam acompanhar pela televisão tudo o que acontece nos jogos – como um BBB.
Gostei bastante deste primeiro livro da série e também da escrita de Suzanne Collins. Ele é instigante e até perturbadora, e embora o mote da história seja bastante parecido com o mangá “Battle Royale”, ele ainda é interessante e tem seus méritos. Não posso dizer que virei fã e que amo loucamente o livro, mas garanto que não me arrependi de lê-lo.

*Esta resenha foi enviada pela leitora Luana Patrícia Kessler.





Autor Omisso
Ex-colaboradores ou dados perdidos em migrações de servidor. Para reivindicar este texto envie e-mail para [email protected]
Autor Omisso
Ex-colaboradores ou dados perdidos em migrações de servidor. Para reivindicar este texto envie e-mail para [email protected]
- Advertisment -

Em Alta

- Advertisment -