Mais um pouco de Stephen King aqui no Homo Literatus.
Bastante popularizado no mundo pop pela versão cinematográfica de Stanley Kubrick, com atuação de Jack Nicholson; O Iluminado, de Stephen King, vai muito além, na literatura.
O livro conta a história da família Torrance. Jack é um pai amoroso, mas com um passado sombrio, em virtude de seu vício na bebida. Apesar de restituído, após um lamentável acidente há dois anos em que feriu alguém que amava, acaba perdendo a paciência com um aluno e o agride fisicamente, enquanto este cortava os pneus do carro de Jack. A agressão lhe custou o emprego como professor. Já fazia algum tempo que havia vendido alguns contos para uma revista, e agora estava travado no meio de uma peça teatral que não conseguia terminar de escrever. Ao recorrer ao amigo Al Shocley, recebe a oportunidade de trabalhar uma temporada de inverno como zelador do Hotel Overlock. Jack aceita, levando Wendy, sua esposa, e Dany, seu filho, para um hotel que ficaria ilhado no meio das nevascas da estação. Ele chega ao local no último dia de trabalho de todos os funcionários. O gerente, Sr. Ulman, faz-lhe inúmeras recomendações; enquanto os últimos funcionários vão saindo do local. Um dos últimos funcionários, o Sr. Hallorann, cozinheiro, leva Danny num canto e lhe diz que ele é um iluminado. Os dois conversam praticamente apenas com o pensamento. Hallorann lhe diz que tomasse cuidado com certas coisas do Hotel, pois algumas coisas estavam vivas, porém ele não acreditava que pudessem feri-lo. Todos vão embora e é aí que o frenesi insano começa. Sonhos. Visões. Lembranças. Fragmentos do passado. A condensação do terror nas mãos de Stephen King.
“Havia um grito estridente por trás de seus lábios, não o deixaria escapar. Seus pais não podiam ver tais coisas; nunca conseguiram. Ficaria calado. Papai e Mamãe estavam-se amando, e aquilo era uma coisa real. O resto era como desenhos de um livro. Alguns eram assustadores, mas não lhe podiam fazer mal. Eles… não lhe podiam… fazer mal”.
A pergunta pode parecer estranha, mas penso que é um livro a flor da pele; de emoções que saltam das páginas como “arbustos-coelhos-animados”. A construção dos personagens obriga o envolvimento emocional do leitor, que é conduzido página a página pelo suspense do que vai acontecer, pela magia fantástica do dom de Danny, pela nostalgia das festas do hotel, pelas inúmeras referências literárias (Poe, Carroll, Shakespeare); e claro, pelo terror. Mas não se pode dizer que é apenas um livro de terror; aliás, tratando-se deste autor, nunca se pode dizer que é apenas um livro de terror, mas são livros de emoções ao extremo.
Vida e ficção se fundindo
“O próprio fato de ele estar escrevendo a enchia de esperança, não porque esperasse por um grande sucesso, mas porque o marido parecia estar lentamente fechando uma enorme porta de um cômodo cheio de monstros”.
Um escritor com problemas de alcoolismo, alguém conhece esta história? Bom, o Stephen King não foi o primeiro e com certeza não será o último, mas foi um deles; e não é por acaso que este tema aparece tão evidente na história de O Iluminado. Provavelmente, ele jamais conseguiria escrever com tanta propriedade e riqueza de detalhes este livro, do que se não tivesse passado e superado o vício do alcoolismo. Como a metáfora de uma fala de Wendy no livro, “fechando uma enorme porta de um cômodo cheio de monstros”.
Para concluir, é um livro que deve ser lido por quem ama uma boa história. Mesmo alguém que não goste do gênero de terror, poderá se deliciar nas páginas deste livro, em razão dos motivos que eu já citei acima. Sorria, divirta-se, se for possível, ou chore, pois:
“As lágrimas que curam são também lágrimas que escaldam e castigam”.
Lerei outros livros do autor para ter uma melhor opinião de sua obra; então continuarei postando aqui mais opiniões sobre os livros de G. K. Chesterton.
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