Resenha: On The Road – Jack Kerouac

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“(…) porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante – pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos ‘aaaaaaah!’. Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe?”

Jack Kerouac é um louco desvairado em sua forma de escrever, diz-se que a primeira versão deste livro foi escrita em três semanas, onde ele debruçava-se sobre a máquina de escrever à base de Benzedrina, uma droga estimulante, e café. O estilo inovador e alucinante do autor fez com que sua obra prima, On The Road, sofresse sete anos de rejeição pelas editoras. Até que o rascunho chegou em 1957 às mãos de Malcom Cowley, da editora Viking Press. Os rolos quilométricos de texto tiveram de ser revisados, foram inseridos pontos e vírgulas, que Jack considerava totalmente desnecessários, e praticamente 120 páginas do original foram eliminadas.

“Homem este livro é demais”, é assim que falaria Dean Moriarty se pudesse saltar das páginas e tornar-se um personagem real, embora a pergunta que ficou em minha mente é se ele e Sal Paradise eram ou não reais. Este romance cumpriu o seu papel, me fez acreditar nos personagens. Tamanha a intensidade que você encontra no livro, que não possui travessões para marcar as falas, pois ele acompanha o fluxo de pensamento.

On The Road, chamado de a bíblia da geração Beat, é um livro de apenas dois personagens, e na minha opinião Dean Moriarty é o personagem que o autor gostaria de ser, já Sal Paradise é o alter-ego de Jack Kerouac se transformando com o passar dos anos em Dean. Parece confuso, mas é a dificuldade natural de explicar a clareza do autor.

Melhor mesmo é ler o livro. Mas antes confira minhas três citações favoritas:

“Eu não tenho nada para oferecer a ninguém, exceto minha própria confusão”.

“Ofereça a eles aquilo que mais desejam secretamente; é claro que entrarão em pânico imediatamente”.

“Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam”.

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