Ray Bradubury, que infelizmente faleceu este ano (06 de junho de 2012), foi considerado por muitos um dos maiores dominadores da arte do conto. Cheguei até ele por ser fã de Neil Gaiman, o qual afirma ser fã de Bradbury. Gaiman até dedicou o conto A Vez de Outubro (em português, na coletânea Coisas Frágeis), vencedor em 2003 doPrêmio Locus de Melhor Conto, ao grande contista; mas vamos a resenha.

O PAÍS DE OUTUBRO
… aquele país onde é sempre tarde; onde as colunas são brumosas e os rios são nevoentos; onde o meio-dia passa depressa, o entardecer e o crepúsculo demoram, e a meia noite fica. Aquele país composto na maior parte por adegas, sub-adegas, depósitos, gabinetes secretos, sótão e despensas que não penetra o sol. Aquele país habitado apenas por gente de outono pensando em coisas de outono. Gente que, passando a noite pelas calçadas vazias, soa como chuva…

O livro é uma coletânea de contos; como tenho feito quando se trata desta espécie de obra, falarei apenas dos que mais me chamaram a atenção.

Esqueleto – O personagem principal, Mr. Harris, tem sérios problemas com dor nos ossos. Ao ir ao médico, este apenas lhe responde que ele está muito estressado e que precisa relaxar; mas nada adianta, até que ele encontra o especialista em ossos M. Munigant. Munigant lhe propõe um tratamento, que a princípio parece muito estranho a Mr. Harris, porém o aceita. Na hora de executar, entretanto, o paciente recua e o especialista afirma que apenas tentaria novamente quando ele estivesse pronto. A virada no final faz valer a pena a leitura do conto.

O Pequeno Assasino – Na minha opinião, é o melhor conto do livro. Alice Leiber, esposa de David Leiber, depara-se com o fato de que seu bebê que acabara de nascer na verdade queria assassiná-la, desde seu nascimento; a partir de então a história fica em torno da perturbação psicológica da personagem principal e a relação com as pessoas que estão próximas a ela.

Advento – A história que tem uma áurea obscura, fala de Timothy, um garoto que apesar de pertencer a uma família de estranhas aberrações é absolutamente normal, a princípio. Isto faz com que ele seja deixado de lado no Advento em que a família toda se reúne. É um conto que usando artifício da ficção fala sobre ser desprezado.

Foi meu primeiro contato com o autor, mas não me desapontou; embora tenha me empolgado um pouco menos do que quando li pela primeira vez os contos do Poe e do Lovecraft. Lerei mais contos deste escritor e vou postando minhas resenhas por aqui.

Os outros contos do livro são: O próximo da fila; O incrível monóculo de H. Matisse; O emissário; Tocada com fogo; Caixa de surpresa; A foice; A morte maravilhosa de Dudley Stone.