Resenha: Pó de Parede – Carol Bensimon

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Porque o menor sentir já é risco”.

Há tempo que vinha namorando a leitura de Pó de Parede, de Carol Bensimon. Tão bem comentada entre a geração de novos escritores, que eu que sou do tipo desconfiado, queria saber o motivo. Para isso, melhor que saber o que os outros pensam é pegar o livro e ter uma opinião própria.

O livro é composto de três histórias, vamos a elas:

A Caixa, minha preferida, é uma sobreposição de planos, de sentidos, de sentimentos. Alice e Tomás são os narradores, dois estranhos, dois in
compreendidos. Desde o começo da história, quando é citada a estranha casa de Alice, passando pelo relacionamento dela Laura e com Tomás, existe uma sensação indescritível que algo a mais está sendo contado; algo que chama a atenção do leitor até o desfecho, conduzindo-o a um suspiro.

 “Há algo de precisar sozinho, um desembaralhar-se que pode durar a vida toda, uma coisa nossa que vai morrer na morte do outro…”.

Quando Laura escolheu a companhia daqueles que tinham sido rejeitados, ele e Alice, não era o primeiro passo, não era já um flertar com a morte, um sinal de que algo não ia?”.

livro

Falta céu fala de transitoriedade, dos lugares, do tempo, da idade. De súbito, na cidade pequena, começa a acontecer uma obra num terreno. Duas irmãs, Titi e Lina, acompanham cada detalhe, envolvendo-se em uma série de circunstâncias, como o primeiro beijo e todas as novidades que a construção da cidade trás à cidade. Diferente do primeiro, confesso que não me agradei muito do final. Gostei de todo o enredo, mas ao final, fiquei com a sensação que faltou um fechamento, mesmo que o objetivo fosse transmitir uma noção de continuidade.

Capitão Capivara é narrado de duas perspectivas, a do famoso escritor Carlo Bueno, que está hospedado num hotel para escrever um romance; e, por coincidência, na visão de Clara, uma jovem que é fã deste escritor e arruma um emprego no mesmo hotel, com o intuito de tirar um tempo para si e escrever seu primeiro romance. A história carrega um tom de surrealidade desde o princípio, quando Clara está na entrevista de admissão com o gerente de hotel e fica sabendo qual cargo que vai desempenhar.
Embora eu ainda fique com a primeira história como minha preferida, esta aqui também surpreende.

Enfim, confesso que ainda não tenho uma opinião formada sobre as histórias da Carol Bensimon; se gostei de Pó de Parede? Bastante, mas ainda pretendo ler o romance dela, Sinuca embaixo d’água; quando o fizer, posto minha opinião por aqui. Ficou um gostinho de quero mais.

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