“Para o leitor que hoje tem cinquenta anos ou mais, F. Scott Fitzgerald tornou-se uma lenda dentro de uma lenda, o herói, o símbolo e, finalmente, a vítima de uma época “não muito distante do nosso tempo, mas remotíssima para a imaginação de hoje”. Foi êle o historiador, o “escritor laureado da Era do Jazz”, o porta-voz mais mais autorizado, dos “golden twenties, the roaring, the fabulous twenties”, o homem que escreveu – no dizer de Gertrude Stein – “a Bíblia de juventude flamejante” – em suma, o escritor típico de uma época que teve inicio pouco tempo depois de término da Primeira Guerra Mundial e que terminou, praticamente, com o crash de 1929″.
A década de 1920 foi um tempo de intensas mudanças nos Estados Unidos, com o fim da guerra muita coisa mudou nas mais diversas áreas, e o país se viu em um novo patamar de prosperidade. A nova geração começou a contestar as ideias dos seus pais, a mulher passou a ter mais autonomia e tempo livre, reflexo inclusive do avanço da tecnologia, a literatura e o cinema ganharam mais liberdade de expressão e muitas obras até então consideradas chocantes surgiram, e até a industria automobilista sentiu essas mudanças com a nova preferência dos consumidores por cores alegres para seus automóveis.
F. Scott Fitzgerald publicou sua primeira obra, This Side of Paradise (Este Lado do Paraíso), em 1920, ou seja, o auge de sua carreira aconteceu nessa época de transições. Em pouco tempo, passou a ser conhecido como o símbolo de uma geração de jovens, por retratar em suas obras a maneira de agir e de festejar de milhares de jovens. Em “Seis contos da era do jazz” estão reunidos alguns de seus contos de maior prestígio, e também o melhor do que ele escreveu no gênero (segundo o próprio autor). Os contos não tem como temática principal o jazz, ele apenas figura como som de fundo das festas animadas frequentadas pelos personagens, visto que era o gênero mais tocado nas comemorações da alta sociedade da época, principalmente, outra vez, entre os jovens.
Apesar de levar no título ‘Seis contos’, estão reunidas no livro, na verdade, nove histórias. (Mas eu realmente acho que isso é algum erro específico da edição que eu li, visto que o título original é “Six Tales of the Jazz Age and Other Stories“). Mesmo assim, os seis contos de destaque são: “O Boa-Vida”, “O Resíduo da felicidade” (o que eu mais gostei), “O Conciliador”, “Sangue Ardente, Sangue Frio”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “A Soneca de Gretchen”. As outras três obras: “As Costas do Camelo”, “Tarquínio de Cheapside”, “Ó Feiticeira Ruiva”. Em sua maioria, os contos tratam de temas dramáticos, que retratam sentimentos e mazelas humanas, também relacionamentos em seus diversos níveis, como a amizade e as outras formas de amor.
Não vou prolongar demais esse texto falando de cada um deles detalhadamente (mesmo isso sendo um ultraje da minha parte). Mas você pode ler um pouco mais sobre “O Curioso Caso de Benjamin Button” nessa resenha feita pelo Vilto. E você pode também ver o filme de mesmo nome, mas acho que talvez você durma na metade.