Resenha: Uma Estranha Família – Ray Bradbury

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Lembranças de um lugar no passado.

As histórias criadas por Ray Bradbury sempre surpreendem por sua maneira intrigante. Em Uma Estranha Família, o leitor é levado a viver numa casa onde o silêncio permanece soturno e assustador; mas não um silêncio qualquer, e sim, vários deles.

Timothy, o personagem principal, um menino que foi abandonado na porta da casa quando pequeno, convive com seres fantásticos, além é claro de sua aranha, Arach, o rato, e a gata Anuba. Outros três personagens chamam a atenção: Cecy, a menina que está sempre sonhando e consegue entrar no corpo de seres animados ou inanimados, como uma jovem apaixonada, um pássaro ou uma árvore; Grandmère, a ilustre múmia ancestral de mais de quatro mil anos de mortes, que consegue ser de muito extrovertida e é considerada a avó da família; e Tio Einar, o qual se destaca por suas grandes e belas asas e seu bom humor que se projeta sobre a figura de Timothy.

O conflito da história fica em torno do menino, pois ele tem que lidar com o fato de ser o único vivo na família. Todos os moradores da casa têm alguma habilidade especial, um dom maldito, por assim dizer, mas Timothy não. Um dos trechos que chama a atenção neste sentido é a Volta ao Lar, uma espécie de encontro de todas estas criaturas macabras, já que em determinado momento temos a impressão que asas vão sair das costas do menino, porém não é o que acontece e ele tem que lidar com esta frustração.

Um detalhe muito interessante, é o que Ray Bradbury afirma no posfácio; segundo ele, este livro nasceu de um conto e depois virou um romance; porém todo o período desde quando a história começou a surgir até o ponto em que ela virou um romance, foram mais de cinquenta e cinco anos.

Para finalizar, o livro é uma leitura sombriamente agradável e quase lírica. Recomendo.

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