Com design renovado, a publicação alcança maturidade e solidez em seu editorial
Quando pensamos que a Revista Flaubert não tem mais como surpreender – ainda que as fontes ficcionais, assim como a qualidade dos produtores seja inegável –, esta que é uma das publicações mais importantes de contos da atualidade sempre apresenta algo novo. O projeto gráfico do Studio Delrey e Alessandro Garcia contempla um estilo alinhado com a internet, de forma que podemos acreditar que, assim como no Homo Literatus, a literatura pode ser apresentada para o público de um jeito acessível, clean e que se encaixa em nossos dias.
Mas não só de design se faz uma boa revista, precisamos de conteúdo. Neste quesito, a Flaubert #11 também inova, trazendo uma reflexão crítica no editorial, autoria de Mariel Reis – editor-geral da revista –, a respeito do assassinato dos jornalistas do jornal francês Charlie Hebdo. O texto é de um posicionamento direto, algo que carecemos muito nestes tempos de “panos quentes”. Não vou incorrer no erro de tentar resumi-lo aqui, ou destacar uma frase fora do contexto. Melhor é vocês acessarem a página 8 da revista e discordarem ou concordarem. O importante é refletir.
Para elucidar a questão, propôs-se uma frase de Gustave Flaubert que cabe bem ao problema:
“A raiva para querer resolver um problema é uma das manias mais funestas e mais estéreis que faz parte da humanidade. Cada religião e cada filosofia reivindicam ter Deus para si, olhando o infinito de cima a baixo e conhecendo a receita da felicidade. Que presunção e que insignificância! Eu vejo, no entanto, que os maiores gênios e as maiores obras jamais foram resolvidas.”
E como não poderia ser diferente, também nesta edição temos contistas conhecidos e desconhecidos. Nomes como: Bruno Alves, Chris Sevla, Dante Ieltsin, Flávio VM Costa, Gustavo Carneiro, Henrique Marson, JD Lucas, Jeovane Cazer, Mario Filipe Cavalcanti, Ottavio Lourenço, Paulo Raviere, Pedro de Azevedo, Renato Amado, Vilto Reis, Willian Teca.
Bom, é exatamente o que você leu acima. Eu, Vilto Reis, estou entre os contistas da revista com uma contribuição que foi republicada. Amores invernais do Sul que havia saído na edição #6 está também no número #11 da Flaubert. Curiosamente, um conto sobre geada, o frio que faz no inverno sulista do país e as relações rígidas entre as pessoas saindo numa edição que traz as cores do verão.
Vale a pena conferir. Novo design e uma proposta que se consolida.