Do romance de enigma à “pulp magazine”

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Pesquisar em bibliotecas modernosas e repletas de livros com páginas amarelamente antigas pode render bons frutos do acaso. Caiu-me do topo de uma estante o livrinho O que é romance policial, de Sandra Lúcia Reimão, editado pela saudosa Editora Brasiliense num já distante 1983. O título pode soar como pergunta ou afirmação didáticas, mas em ambos os casos o que temos é isso mesmo, uma leitura didática e fluída sobre um tema já batido, mas que vive a dar as caras em cadernos culturais de cultuados jornais e em espaços internéticos literários.

O que é romance policial, de Sandra Lúcia ReimãoA Sra. Reimão, acadêmica graduada  em filosofia pela USP e pós-graduada nos domínios da PUC, desenha com traços suaves e simples a breve evolução histórica dos romances policiais, que têm já conhecida origem nos escritos do dinossauro Edgar Allan Poe e seu classudo detetive enigmático C. Auguste Dupin, que deu origem aos igualmente finos e infalíveis, desprovidos de qualquer sentimento ou desejo sexual, Sherlock Holmes e Hercule Poirot, respectivamente dos digníssimos e ilustres Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.

Descreve como o gênero foi do Positivismo, tipo de filosofia peculiar ao terreno do romance de enigma, ao Existencialismo, característica dos falidos e fodidos detetives dos brutalmente violentos romances “negros”, que tiverem origem nas chamadas “pulp magazine”, na já longínqua França do ano de 1945.

Nas páginas de papel de baixa qualidade dessas revistas é que surgiram os brutamontes dos romances fumacentos de cigarros e inebriantes pela doses de uísque escritos por Dashiell Hammett e Raymond Chandler, criadores dos falíveis e sentimentais (tanto para o ódio quanto para o amor) Sam Spade e Philip Marlowe. Não contente com o arroz e feijão, Sandra ainda faz o alienado leitor de romances de aventura ficar ciente de que, lendo histórias da “Série Negra”, terá maior possibilidade de desenvolver visão de mundo mais crítica com relação ao mundinho escroto que o cerca.

Curto e eficiente, o pequeno livro de Sandra Lúcia Reimão é para aqueles leitores que procuram um romance para uma tarde fria de inverno que querem olhar para fora da caixa.

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