
O ator Rubens Caribé fez uma extensa carreira na TV e no teatro, deixando um legado importante para a quinta arte.

Carreira na TV e no teatro
Quem cresceu assistindo novelas nos anos 90 tem na mente algumas referências de donos dos olhos mais bonitos das telas. Além de Fábio Assunção, há o ator Rubens Caribé.
Rubens estreou na TV em 1992 na histórica série Anos Rebeldes. O ator interpretou Marcelo, personagem criado especialmente para ele pelo autor Gilberto Braga.
Vindo do teatro, é dono de uma potente formação de canto e dança e presença em cena. Logo depois de Anos Rebeldes, ele teve um papel de destaque como o antagonista Guilherme na novela Fera Ferida. Criação de Aguinaldo Silva inspirada na obra de Lima Barreto.
Apesar do sucesso, Rubens não emendou produções na Rede Globo, em grande parte por causa dos seus trabalhos no teatro, motor da sua produção artística. Em 2022, que é o ano da sua partida precoce aos 56 anos, se faz ainda mais necessário fortalecer e relembrar um pouco do legado do ator. Este, ao se despedir, “deixou um dia muito triste para o teatro”, como tuitou a diretora Mika Lins.
Um de seus primeiros trabalhos no teatro foi na montagem do musical Hair dirigida por Antônio Abujamra. Integrante do grupo Ornitorrinco, Rubens também participou da encenação de textos épicos como O doente imaginário, de Molière, Sonhos de uma noite de verão e Hamlet, de Shakespeare.
Mais tarde, substituiu divinamente, segundo a psicanalista Juliana Guerdão, Cassio Scapin no papel de Salvador Dalí em Histeria, peça com direção de Jô Soares, escrita pelo inglês Terry Johnson e inspirada em um encontro real entre Sigmund Freud e o pintor espanhol, que esperava usar a sua arte para retratar o inconsciente, tendo como guia A interpretação dos sonhos de 1900, obra fundamental para a psicanálise.
Papéis de destaque
Em 2018, um ano depois do que é considerado o início do movimento me too, Rubens juntou-se a Iuri Saraiva e Luciana Fávero no elenco de Hollywood. É a peça que fecha a trilogia criada pelo dramaturgo americano David Mamet. São tratados atuais sobre a falha da comunicação humana, a busca pelo poder, o politicamente correto, assédio sexual e intelectual. O limite entre arte e entretenimento é o embate moral travado pelo personagem de Rubens, o produtor Tony Miller. Ele precisa decidir se faz um filme mais do mesmo para as massas ou um conceitual e mais humano. A personagem interpretada por Luciana exalta essa última postura.
Rubens defendeu seus poucos papéis na TV, como os nas novelas Sangue do meu Sangue e Os Ossos do Barão, do SBT, remake da obra escrita por Jorge Andrade, outro patrimônio do nosso teatro. Da mesma forma, defendeu seu trabalho pela quinta arte. Com talento e presença marcante que foi muito além do seu rosto bonito e da dificuldade de se fazer teatro no Brasil.
Para ele, o teatro era sobre contar histórias que mudam vidas.
Assim como David Mamet e o próprio Jorge Andrade, Rubens tornou verdadeiras as palavras de Nina Simone: ser um artista é refletir os tempos.
E se fazer atemporal.
Créditos HL
Esse texto é de Débora Consiglio para nossa coluna HL em Cena. Ele teve revisão de Evandro Konkel e edição de Nicole Ayres, editora assistente do Homo Literatus.