Se perdendo de novo na biblioteca

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Autores e personagens (con)fundem-se na história do Homo Literatus

cachorro perdido
cachorro perdido

Era uma vez três leitores perdidos que acharam um cachorro lendo em uma biblioteca. Esses três mosqueteiros eram o Vilto, criador, coeditor e pai (ou mãe) do Homo Literatus, a Estela e o Jefferson, também coeditores do site. O Vilto sempre preferiu gatos mas foi com a cara do cão, a Estela riu do bicho e o Jefferson o aceitou de boa mesmo querendo jogá-lo pela janela. Papo pra lá e pra cá (e falta de janelas), os três levaram o cachorro e foi assim que me tornei coeditor do nosso Homo Literatus.

Essa é parte da história não-oficial do site, latida em primeiras linhas por aqui. Talvez a versão oficial tenha uns detalhes a menos, ou esconda umas coisas pra contar tretas em um livro e dar uns trocados a mais pra editora Nocaute, caso a gente não fique rico antes disso acontecer. Piadas (muito) ruins à parte, nada aconteceu de grave, tampouco estava prestes a acontecer. O convite surgiu da necessidade naquele momento – sob a minha retrospectiva, claro. O que eu não imaginava quando aceitei o convite foi o quanto isso mexeria comigo.

Hoje posso ter cinco textos a mão e ter de publicar apenas dois deles porque é a nossa média, e ficar em uma dificuldade boa de pegar só dois entre muitos bons. Pode ser a febre da vez, uma data comemorativa, um texto sobre um autor ou livro até então inédito para o nosso acervo, uma publicação híbrida de formatos, um texto sobre um dos nossos fregueses da casa, uma curiosidade, quem sabe. Chute sua hipótese favorita, pode ser que também faça parte dos fatores que influenciam uma publicação.

Ou séries específicas à moda de algumas da nossa estante virtual: cartas entre escritores, um conto por mês, entrevistas, podcasts; todas marcas de alguma busca por voz autoral, seja a do autor do texto ou o assunto em questão. Vimos e veremos mais de nossos colaboradores publicarem livros e materiais mundo afora, e é possível que parte dessas vozes autorais em (eterna) construção tenha aparecido também aqui, os autores tendo consciência disso ou não.

Estar coeditor também inclui a parte braçal dessa história. Tanto faz o autor, publicamos textos bons, ótimos e médios mesmo. Tem uns 3 textos pra hoje, você leu o suficiente de cada autor, sabe quão longe eles chegam eeee… que raio de texto é esse. Ou então o texto meia-boca é o seu acompanhado de mais todos. Se imagine coeditor e respondendo por publicações aquém da própria expectativa, e lembrando que nem você nem a equipe são máquinas; todos ainda têm sangue correndo nas veias, não circuitos como se você apertasse um botão e nascesse um texto perfeito que chame uma galera pra visitar o site.
Se não chamar, paciência. Parte do nosso público abraça de verdade o que a gente manda, se empolga e chama mais gente, independente de concordar. Outra parte parece gostar apenas do que confirma a própria visão de mundo. Alguns mostram claramente quando gostam do que leem, e outros se revestem com incógnito silêncio. É muita pretensão afirmar entender o público em sua totalidade, mas pelo menos ele não é tão estranho e isso deve valer alguma coisa.

Some a isso que já aguentamos boicotes do facebook e ocasionais bugs do nosso maquinário, como se a gente já não fosse bugado por natureza. Muita gente passou pelo nosso site, e alguns lá dos primórdios continuam por aqui. Outros tiveram de sair, e temos de conviver com isso; escrever sobre literatura demanda tempo para ler (às vezes muito se a obra for complexa ou só gigante mesmo) e outro para escrever, e não há fórmula pra manter uma equipe 100% ativa em um site onde todos se dedicam por gosto, já que não temos condição de pagar ninguém pela produção. Não é demérito, quando se pesa tudo às vezes as atividades que não dão grana caem fora primeiro. Tem quem volte, quem sempre dê ideias e nem sempre as consiga dar voz, direcione seus interesses e assuma novos riscos, cada um sabe de si. É como uma grande obra na qual personagens e autores (con)fundem-se, fazendo da própria história uma narrativa involuntária a base de literatura, escrita, desafio e tensão, querendo se largar na própria biblioteca. De novo.

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