Muito se fala da Jornada do Herói de Joseph Campbell e da Jornada do Escritor de Christopher Vogler, dois gigantes e sumidades em suas áreas, um tratando de mitos e mitologias, o outro tratando de análise psicossocial temporal e aceitabilidade mitológica devido ao seu momento de contato ao publico, respectivamente.
Uma das premissas que Vogler conta e Campbell deixa claro é que a curiosidade é o elemento desencadeador das necessidades psíquicas dos Homens. Sendo assim por que não utilizar isso num livro, numa história que está sendo desenvolvida ou será contada? Em outro ponto, ainda resguardando a pergunta anterior, Vogler reza que um dos primeiros passos de qualquer inicio de contação de história é saber instigar, capturar e principalmente cativar seu “oponente”, no caso dos escritores, seus leitores. Mas, como fazer isso?
A resposta caberia às dez primeiras páginas do seu livro, ou no caso de um conto, nas duas primeiras páginas, mas se possível nas primeiras linhas.
Uma vez feita a captura do leitor e cativado-o, ele muito provavelmente irá ler sua história até o final. Esse é fato conhecido e muito bem trabalhado pelas editoras, seja por apelo literário ou meramente comercial, a preparação de um livro tem como requisito ao revisor e analista crítico avaliar não apenas todo o macro do livro, mas também o micro, e por fim inserir alguns ingredientes das receitas passadas por Vogler e Campbell, sendo o item acima um deles.
A ideia é tão eficiente que o cinema tem diversos exemplos de como se faz isso e, diga-se de passagem, muito bem feito. Todavia, como não há como expandir palavras em dez ou duas páginas essa premissa foi compactada em apenas uma frase. Em inglês nomeado como Tagline.
Dentre milhares de casos de sucesso há os que se destacam.
Jurassic Park (1993)
“Uma aventura que levou 65 milhões de anos para ficar pronta”
Acompanhe a contagem de 10 famosas (entre outras muitas):
10. Eu sou a Lenda (2007)
“O ultimo homem na face da Terra não está sozinho”
9. Todo Mundo Quase Morto (2004)
“Uma comédia romântica.
Com zumbis”
8. O Dia do Golfinho (1973)
“Inconscientemente, ele treinou um golfinho para matar o presidente dos Estados Unidos”
7. Coquetel (1988)
“Quando ele entorna, ele reina”
6. Os Caça-Fantasmas (1984)
“Para quem você irá ligar?”
5. A Verdade dos Bastidores (1994)
“50 milhões de pessoas assistem, mas ninguém enxerga nada.”
4. Tubarão 2(1978)
“Justamente quando você achou que era seguro voltar para a água…
Tubarão 2”
3. Superman: O Filme (1978)
“Você irá acreditar que um homem pode voar.”
2. Alien (1979)
“No espaço ninguém pode ouvir o seu grito”
1. A Coisa (1982)
“O Homem é o lugar mais caloroso para se esconder”
Para os criativos, lerem frases de impacto como essas acabam por fazê-los se decidirem a assistir o filme, ou no mínimo ficam instigados.
Como a maioria desses filmes citados foram adaptações de livros, pode-se considerar que uma frase de efeito já teria imensa serventia numa quarta capa ou orelha (segunda capa).
Enfim, o que pedem os leitores?
Mesmo sem saberem, é o que eles têm como experiências e necessidades. Vogler diz que as grandes ideias e descobertas pairam pelo inconsciente coletivo, sob uma fina camada de ignorância, à espera de algum pescador, dentre alguns milhões possíveis, que saiba fisgar essas necessidades do publico e traduzí-las em realidade.
No marketing, há uma frase de parecer mercadológico do professor e escritor Philip Kotler que diz: “marketing serve para te fazer comprar algo que você não precisa, com um dinheiro que você não tem, para fazer alguma coisa que não fazia antes”. Numa análise mais profunda dessa passagem do autor acaba-se chegando ao ponto da questão anterior: fisgue ou será fisgado. Escreva ou será um leitor. Escreva bem e seu publico lhe aceitará, e, então, você continuará escrevendo. Escreva algo que ninguém lê e não terá publico, mas se escreve para você mesmo, então, continue escrevendo. Se quiser publico, então aprenda algumas coisas.
Claro que nenhuma formula mágica é exata. Criatividade, engenhosidade, poética, empirismo, e muito mais, fazem a evolução.
Nenhum bolo é feito sempre da mesma maneira. Hora ou outra aparece uma novidade inesperada e totalmente agradável aos olhos.
Pois bem, continuemos tentando…
SUA MENTE
É A CENA
DO CRIME