O mistério sempre despertou um interesse muito maior nas pessoas do que aquilo que está escancarado para todos verem. Stephen King (Portland, 21 de Setembro de 1947) sabe bem disso, tanto que sabe usar desta faceta em suas obras de terror e suspense, tão aclamadas mundialmente. De carros assassinos, passando por poderes sobrenaturais, sede de vingança, esperança e mortes cruéis, o leitor encontra em King uma forma de satisfazer sua dose de medo, de raiva, ou apenas apreciar este gênero literário absolutamente instigante.
Na missão por descobertas de novos autores, sem um gênero preferido definido, em plena adolescência, eu me encontrava perdida na biblioteca pública da cidade. Quando se possui dias inteiros livres, cuja única obrigação da vida era estudar pela manhã, o aproveitamento do tempo em cima dos livros se tornava quase que sagrado para mim. Começava a caçada por ordem alfabética, fazendo a separação entre literatura nacional e estrangeira. Como pouco conhecia dos gringos, comecei por eles, mas como a sala onde a letra “S” sempre era a mais vazia, resolvi pular algumas letras e aproveitar o sossego. Sem desmerecer os autores que por ordem alfabética vinham antes, houve algo que me atraiu naquele nome imponente e com um acervo razoável a minha frente. Lembro-me que minha paixão por livros velhos já havia aflorado anteriormente, o que me fez pegar o livro mais acabado daquela prateleira. Grosso, páginas amarelas, capa e contra capa moderadamente mal cuidada. Segurei aquele livro como quem tem em mãos o tesouro mais precioso do mundo, e ali começava uma das minhas viagens mais loucas na literatura: Desespero. A capa era ilustrada com uma boneca caída no chão, acho que daquelas de pano, com um olho de cada cor, no meio do nada, e ainda haviam insetos que faziam aquele ambiente ainda mais assustador. Não tive dúvidas, eu precisava ler aquele livro. Como o prazo para renovação era feito a cada semana, eu devo ter renovado umas duas ou três vezes no máximo, pois devorava os livros que pegava com muita facilidade. Ainda mais sabendo que haviam outros livros do King me esperando na biblioteca.
Nesta época eu não era muito chegada a filmes, a internet não era esta beleza de hoje em dia, que te proporcionas assistir a filmes online e tudo mais. Era discada, além de demorar pra caramba até finalmente conectar, o serviço não era de qualidade. Fui tomar conhecimento dos filmes baseados nas obras do autor anos depois, o que por um lado foi muito bom, pois consegui ler grande parte de seus livros antes de ter contato com os filmes. Devo dizer que há realmente muita coisa chata, mal feita e sem nexo com os livros. Sempre acontece isso, ou ao menos na grande maioria das vezes que se roda um filme baseado em livro. O triste mesmo nisso tudo são aquelas pessoas que nunca leram a obra e acharão o longa o máximo. Triste.
Stephen King não é apenas um escritor de terror, ele insere elementos que nos deparamos em nosso cotidiano, juntamente com elementos fantásticos, improváveis, absurdos e faz com que tu fiques presa ao livro do início ao fim. Que sintas medo, raiva, e até ache cômico algumas situações. Ler este autor é sempre uma grande descoberta literária, ainda mais se tu gostas do gênero. Se aventure assim como eu me aventurei, seja em uma biblioteca, livraria ou em algum sebo. Afinal, o medo é instigante.