Tradução Literária: papo com Carola Saavedra sobre traduzir do alemão

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O Homo Literatus estreia a série Tradução Literária, uma breve conversa sobre a tradução. A primeira delas com Carola Saavedra, autora dos romances Flores Azuis, O Inventário das Coisas Ausentes e e tradutora dos livros Tudo o que tenho levo Comigo, de Herta Muller, e Morte de Tinta, de Cornelia Funke, ambos escritos originalmente em alemão.

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Por que o interesse em alemão e como você aprendeu o idioma? Há alguma técnica ou recomendação em especial para aprender?
Eu estudei na escola alemã, aqui no Rio. Depois fui fazer mestrado na Alemanha, e acabei ficando oito anos. Trata-se de um idioma bem complicado, mas por outro lado, bastante matemático. É necessário dedicação, e claro, uma temporada na Alemanha ajuda muito.

Como você conheceu as obras traduzidas – Tudo o que tenho levo Comigo e Morte de Tinta?
Ambas foram encomenda da editora, a Companhia das Letras. Mas não teria traduzido se eu mesma não gostasse muito dos livros.

Tudo o que tenho levo Comigo, de Herta Muller, pode ser interpretado como uma história pesada contada por uma linguagem onde as palavras foram escolhidas com cautela, para não revelar muito. Que particularidades notou neste e no outro livro durante a tradução?
São livros tão diferentes, não é possível falar em termos comparativos. O Morte de Tinta é um infanto-juvenil lindo e escrito de forma muito inteligente, a linguagem é clara e bastante acessível. Já o Tudo que tenho levo Comigo é uma grande obra, em termos de narrativa, de linguagem, a Herta Müller é antes de tudo poeta, e isso você percebe ao ler o romance. O livro exige a recriação dessa linguagem, dessa atmosfera.

Qual é a realidade do mercado de traduções no Brasil? São encomendadas ou podem ser escolhidas?
Em geral são encomendadas, quem decide o que será ou não traduzido são as editoras e não o tradutor, trata-se de um negócio que começa muito antes, com o agente, e tem a ver com a recepção da obra em seu país de origem, se já foi traduzida para outros idiomas, etc. O que não significa que em alguns casos ele possa se apaixonar por um livro e levar o projeto para a editora. De qualquer forma, é bem complicado viver de tradução no Brasil.

Qual o caminho indicado para quem quer se tornar tradutor?
Em primeiro lugar, conhecer muito bem o idioma que vai traduzir. Em segundo lugar, de igual importância, talvez até mais, é conhecer bem o próprio idioma. Um bom tradutor é ao mesmo tempo leitor, intérprete e escritor.

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