Escritor e cineasta americano Ransom Riggs é conhecido tanto no mundo do cinema como no mundo da literatura, sendo o seu livro “O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares”, com base em uma série de bizarras fotografias antigas que o próprio Riggs coletava, seu mais conhecido trabalho literário.
O romance O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares é um livro que chama a atenção por suas fotografias, no mínimo, estranhas. A partir de fotos antigas, e bizarras, suas e de alguns colecionadores, o escritor Ransom Riggs escreveu uma história.
Mas, como tudo começou? O escritor Ransom Riggs cresceu na Flórida, onde foi muitas vezes levado por sua avó para lojas de trocas de objetos de segunda mão. “Pode ser muito torturante para um menino de 11 ou 12 anos de idade”, disse Riggs, “mas eu gostava de encontrar caixas de snapshots (fotos antigas) por lá”.
Snapshots é popularmente definida como uma fotografia que é “criada” de forma espontânea e rapidamente. Na maioria das vezes sem intenção artística ou jornalística. Snapshots são fotos comumente consideradas tecnicamente “imperfeitas” ou amadoras, fora de foco ou mal enquadrada ou mal composta.
Uma vez Riggs encontrou uma fotografia que lembrava uma garota que ele tinha se apaixonado na juventude. A foto teve tal efeito sobre ele que ele a comprou e a colocou ao lado da sua cama. “Anos mais tarde, eu a levei para fora de casa e olhei na parte de trás da foto”, lembrou Riggs, “e tinha uma descrição informando que ela tinha morrido aos 15 anos de leucemia. Eu pensei: ‘oh, uau, eu tenho vivido com um fantasma’”.
A atração do escritor Riggs por fotografias assombrosas, eventualmente, tornou-se o “catalisador” para o seu primeiro romance, O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares(2011), que virou um best-seller, cujo enredo foi inspirado pelas dezenas de fotos vintages, antigas, e bizarras em destaques nas suas páginas, o que adicionaram uma atmosfera misteriosa no romance.
Além disso, O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares vai ser adaptado para os cinemas. Os produtores já até fecharam uma data para a estréia. De acordo com o The Hollywood Reporter, a adaptação está com estréia prevista para 31 de julho de 2015. A direção será de Tim Burton.
Os direitos foram comprados pela 20th Century Fox, com Jane Goldman responsável por adaptar para os cinemas. No Brasil, a editora Leya é responsável por publicar os livros. O escritor Riggs está começando a se sentir em casa em uma carreira que ele chama de “acidental”.
Foi em 2009 que o escritor, graduado em cinema na University of Southern California, uma Universidade da California do Sul, se deparou em um tesouro de fotos antigas, amadoras, bizarras em um mercado de coisas velhas e sentiu o despertar de uma obsessão por elas.
“Eu percebi que eu posso encontrar essas incríveis pequenas peças de artes perdidas e ser meu próprio curador e resgatá-las do lixo”, disse ele.
Um conhecedor de casas abandonadas e paisagens desoladas misteriosamente, o escritor Riggs disse que foi atraído pelas fotos estranhas ou perturbadoras.
Em uma manhã ensolarada em sua casa, o escritor Riggs , de 34 anos, que é alto e magro, com uma perfil um tanto cavalheiro e despretensioso, folheou suas caixas bem organizadas de snapshots (fotos), explicando porque ele escolheu algumas delas. “O olhar no seu rosto”, disse ele, apontando para uma fotografia de uma mulher sentada rigidamente no colo de um soldado nazista, “isso é o que está em causa”.
Enquanto sua coleção de fotos crescia, o escritor Riggs estava se voltando para uma carreira no cinema, trabalhando em roteiros e apoiando-se como free-lance. Jason Rekulak, editor da Quirk Books, na Filadélfia, para quem o Riggs estava fazendo um trabalho, perguntou-lhe se ele tinha algum livro que queria escrever. Riggs respondeu, então, o que ele achava das fotos, particularmente aquelas com uma “estranheza vitoriana de Edward Gorey, como imagens de crianças estranhas que assombram” (Riggs cita Edward Gorey, pois este foi um escritor americano e artista conhecido por seus livros ilustrados. Seus desenhos característicos com caneta e tinta muitas vezes retratam cenas narrativas vagamente inquietantes e vitorianas ou da era vitoriana).
A ideia de Riggs era fazer um livro de fotos de Halloween, acompanhadas por legendas rimadas, mas foi o Sr. Rekulak que sugeriu que as imagens assustadoras das crianças poderiam se prestar a um romance.
Assim, a obra de Riggs combinou ficção e fotografia, que vai transportar o leitor para uma ilha sinistra no País de Gales, assolada pela Segunda Guerra Mundial. E é lá que o jovem Jacob Portman vai descobrir que existem muito mais coisas neste mundo do que ele pode imaginar. Abraham Portman era sua pessoa favorita em todo o mundo. O avô – que já havia lutado em guerras, cruzado oceanos, morado num circo e sobreviveria até mesmo na selva – vivia contando histórias fantásticas de seus tempos de orfanato, naquela ilha maravilhosa onde sempre era verão e ninguém jamais ficava doente ou morria. Jacob adorava ouvir as histórias sobre as crianças – chamadas de peculiares por seu avô – que podiam levitar, ou ficar invisíveis ou ainda eram mais fortes do que um exército. Mas o tempo passou, e Jacob parou de acreditar em contos de fada, até aquele dia. Ao encontrar o avô morto, Jacob mergulha numa busca por explicações de seu passado naquela tal ilha, que hoje era apenas povoada por escombros de um orfanato, o Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares.
Algumas das fotos em preto e branco que climatiza as páginas são próprias do Riggs, já outras são emprestadas de colecionadores como Robert E. Jackson, cujas fotos foram exibidas em “The Art of the Snapshot americano, 1888-1978”, em 2007, na mostra da National Gallery of Art, em Washington.
“O fator assustador das fotos foi obviamente atraente para muitos adultos e adolescentes”, disse Leslie Hawkins, dona da LivrariaSpellbound Children’s Bookshop, na Carolina do Norte, onde, segundo ela, os membros de um grupo de leitura para adultos que leem materiais para jovens e adultos gostavam da “Senhorita Peregrine”, que é mencionada na obra de Riggs.
Ransom Riggs estima ter visto 10.000 fotos para escolher as aproximadamente 50 contidas no seu romance de estréia. “Eu as amo porque elas são belas fotografias de coisas horríveis”, disse o escritor Riggs.
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