Poema de Márwio Câmara ao escritor Victor Heringer, autor de Glória, vencedor do Jabuti em 2013, que faleceu em 07/03, aos 29 anos
Sim, ele se foi. É um fato. A matéria, digo. Mas nunca a palavra. Do contrário, é através dela que fará do querido escritor Victor Heringer uma eterna potência criativa do nosso tempo, da minha geração. É isso que ele é: uma potência criativa. Não no passado, sempre no presente.
Deixo aqui, publicamente, os versos que lhe escrevi em 2016, e que foram lidos e comentado pelo mesmo.
Toda a luz, meu caro. Minha eterna admiração.
sou muitos eus
e nunca um único
certamente não sou poeta nem ficcionista
(talvez cronista?)
sou o mundo
essas vozes que pulsam
escrevo sobre ou numa glória
cenas típicas de um Rio de outrora
(ou seria de agora?)
resquícios versados numa espécie de automatógrafosim, eu sou os versos
um amálgama de frases
reuniões de palavras
mudez
revolta
poema em prosa
pura ficção
verdade
crônicaestou pelo mundo
aqui e ali
são muitos eus, não apenas um único
mas na fotografia em preto e branco
meus olhos fixaram-se ardentemente em vocês— e também em mim
e agora pronto para lhes dar
o amor dos homens avulsos
me encorajo para dizer que sou apenas
Victor Heringer
sem mais nem menospelo menos é assim que me assino
ao escrever um livro:
Victor Heringer (ou Heringer, Victor).
(Márwio Câmara)