O Trono de Diamante, de David Eddings, é um livro de fantasia no qual o protagonista não é um herói idealizado, mas um soldado, marcado pela guerra e determinado a servir, mesmo com seus defeitos
O Trono de Diamante, lançamento da Aleph, talvez escape um pouco do que estamos acostumados a ver da editora: porque é uma fantasia, e não ficção científica. Além disso: é um resgate. Escrito ainda na década de 80, pelo já falecido David Eddings, faz parte da trilogia Elenium, que por anos não esteve em catálogo no Brasil.
O primeiro livro segue um tema clássico da fantasia medieval: A Busca. Há um objeto sagrado a ser recuperado, há um grupo de aventureiros dispostos a encontrá-lo. A recém-coroada rainha de Elenia, Ehlana, cai doente por um envenenamento; um feitiço é lançado para mantê-la viva, mas sua duração é limitada, e cabe a Sparhawk, um cavaleiro exilado, e antigo tutor da rainha, obter uma pedra mágica que pode curá-la. Adicione aí o elenco de personalidades diversas esperado de uma fantasia clássica: a feiticeira, o companheiro de infância, a criança misteriosa, o ladino.
Mas uma busca nunca é só uma busca, e os mesmos inimigos que colocaram a rainha Ehlana em sua posição vulnerável estão dispostos a impedir Sparhawk de encontrar a cura. Durante a jornada para salvar a monarca que viu crescer, Sparhawk também precisa enfrentar aqueles por trás das maquinações políticas de que ele acreditava ter escapado, fazendo uso de seus valores mais dúbios de moral e nobreza.
Para quem é leitor fervoroso de capa-e-espada, nenhuma novidade. Nada na história que também choque, que fuja do esperado. Somos convidados ao conhecido, os estereótipos que tornam esse tipo de fantasia tão popular.
Ao mesmo tempo, é enriquecedor: porque resgata episódios menos conhecidos da história fantástica, há muito tempo mantida longe do público brasileiro. E se aqui o leitor é aquele que faz de sua devoção quase um estudo, O Trono de Diamante é um capítulo interessante a ser explorado. Se não por sua originalidade, talvez pela cor que Eddings traga ao protagonista, Sparhawk, não um herói em armadura prateada, mas tampouco o anti-herói cruel que nos acostumamos a ver em literatura mais recente. Um soldado: marcado pela guerra, determinado a servir, mas com seus defeitos.