A Verdade Nunca Morre, de William C. Chasey

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O livro é uma denúncia contundente dos abusos de poder praticado pelo Estado norte-americano

William C. Chasey
William C. Chasey

Na noite de 21 de dezembro de 1988 o voo 103 da Pan Am foi pulverizado sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia. A causa: uma bomba. O saldo: 270 mortos, os 259 ocupantes do Boeing 747 e mais 11 habitantes da localidade, vitimados pelos destroços da aeronave — foi o ataque terrorista que mais matou cidadãos americanos antes do atentado de 11 de setembro. Depois de uma conturbada investigação, a Interpol acusou a Líbia pelo crime. O líder líbio Muammar Kadafi negou a acusação e decidiu não entregar à Justiça os dois agentes considerados responsáveis pela atrocidade, o que fez o país sofrer pesadas sanções internacionais.

A quilômetros de distância, o lobista americano William C. Chasey, no auge da carreira, desfrutava das férias de fim de ano na cidade de Vail, Colorado, com a esposa Virginia e a filha Katie, de seis anos, quando soube pela CNN da queda do avião. “Estremecemos ao pensar no terror que essas pessoas devem ter sentido ao mergulhar para a morte de uma altitude de dez mil metros”, relembra Chasey. O que ele não poderia imaginar era que o atentado mudaria para sempre a sua vida. E é esse o fio condutor do recém-lançado A Verdade Nunca Morre (Truth Never Dies, no original), livro de estreia da Editora Solo, a mais nova integrante do mercado editorial brasileiro.

Poucos anos depois, Chasey é contratado para acompanhar um congressista norte-americano a Trípoli, capital da Líbia, com o objetivo de tentar normalizar as relações diplomáticas e comerciais dos EUA com o governo de Muammar Kadafi. Mas ao retornar aos Estados Unidos, ele começa a ser pressionado e, em seguida, chantageado a cooperar com a CIA para assassinar os dois agentes líbios acusados de explodir o avião. Acreditava-se que Chasey pudesse localizá-los para uma posterior ação militar americana.

“Talvez não tenha sido por coincidência que a culpa por Lockerbie se desviou da Síria e do Irã em novembro de 1991. Era o início da Guerra do Golfo Pérsico — de 2 de agosto a 28 de fevereiro de 1991. Uma força de coalização autorizada pela ONU, com 34 nações, lideradas pelos Estados Unidos e o Reino Unido, libertou o Kuwait das garras do Iraque. Uma das nações que apoiou a guerra contra o Iraque foi a Síria, com seus 14.500 soldados. De um ponto de vista maquiavélico, teria sido descortês continuar a ligar a Síria ao bombardeio do Pan Am 103.

E só havia um país que desafiava o presidente George H. W. Bush ao apoiar o Iraque. Esse país era a Líbia”.  

capa_frente_a verdade nunca morreCom uma narrativa ágil, Chasey revela como foi arruinado pessoal, profissional e financeiramente por ter se recusado a participar do plano, e os meandros do processo kafkaniano, aberto sob falsas acusações, que acabou levando-o à prisão federal. A Verdade Nunca Morre faz uma denúncia contundente dos abusos de poder praticado pelo Estado e do modus operandi com que o governo norte-americano, há décadas, tem agido para atingir seus objetos, que ficou mais evidente após a derrubada das torres gêmeas.

William C. Chasey somente decidiu tornar público os seis anos mais conturbados de sua vida em 2009, quando foi diagnosticado com mieloma múltiplo, um câncer de sangue incurável. A doença o fez concluir que havia chegado a hora de contar sua história, numa espécie de acerto de contas com o governo dos EUA. “Imagino que o governo vá rejeitar ou ignorar o que tenho a dizer, mas, agora que minha história foi escrita, estou confiante de que ela não vá morrer, pois a verdade nunca morre”, diz ele no prólogo do livro.

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