
Já se pegou pensando em como seriam determinadas obras adaptadas ao cinema por tais diretores? Aqui vão alguns projetos que poderiam ter aparecido no cinema, mas nunca tiveram vez
Fazer um filme é um negócio arriscado e envolve muita gente e dinheiro. Entre o brainstorm inicial até a estreia, tudo pode acontecer, inclusive o projeto ser cancelado. Há muitos casos que o filme está prestes a sair do papel, após anos de pesquisa e pré-produção, e um motivo ou outro leva ao cancelamento do projeto.
Selecionei os principais, mais conhecidos do grande público. Ou seja, não é uma lista fechada, nem quer dizer que o filme seria bom ou não.
Espero que todos entendam e se divirtam.
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Coração das trevas, Orson Welles
Depois de Cidadão Kane, o principal projeto de Orson Welles era uma adaptação de Coração das trevas, de Joseph Conrad. No entanto, o estúdio rejeitou o projeto por várias razões: a estética de contar a história em POV; o orçamento gigantesco – muito por dois desejos do diretor: que as filmagens fossem feitas na África e as mais de cem panorâmicas; o avanço da 2ª guerra mundial e o contexto da época. Como mente criativa, Welles acabou se voltando para novos projetos. No fim, Francis Ford Coppola filmou Apocalise Now e o resto é história.
Dune, Alejandro Jodorowsky
É provavelmente o projeto literário e cinematográfico mais ousado nunca feito. O chileno Alejandro Jodorowsky passou anos preparando uma adaptação grandiosa para o clássico sci-fi Dune. Nomes como Salvador Dali chegaram a se envolver na pré-produção da obra. O desejo do diretor era ter a banda Pink Floyd na trilha sonora – o que mostra a ambição de Jodorowsky. No entanto, o projeto se tornou inviável devido a expectativa de um filme de dez horas e ao valor final. Para quem quiser ver esboços e afins, você pode baixar o documentário Jodorowsky’s Dune e ver a visão do que poderia ser o filme – algo bem diferente da adaptação feita por David Lynch.
O idiota, Andrei Tarkovsky
O diretor russo é conhecido por seu cinema existencialista, cheio de cenas belas e metafóricas. Dentre os grandes autores da literatura, o também russo Dostoiévski se encaixa exatamente nessas características. Homem inteligente, Tarkovsky deslumbrou uma possibilidade de criar uma adaptação do romance O Idiota. Porém, por estar fora do circulo hollywoodiano e devido ao valor do projeto, o filme foi sendo protelado e desenvolvido num ritmo mais lento. A morte prematura do diretor pôs um fim a qualquer possibilidade desta adaptação.
Meridiano de sangue, Ridley Scott
Muitos vislumbram a possibilidade deste projeto, principalmente após o sucesso de Onde os fracos não têm vez filmado pelos irmãos Cohen. Ridley Scott insistiu durante alguns anos para adaptar outro clássico de Cormac McCarthy. Um roteiro foi feito e nomes como James Franco chegaram a ser cogitados para o filme. Mas as questões de violência racial contra os nativos americanos assustaram os estúdios e o projeto foi cancelado.
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O senhor dos anéis, John Boorman
Muito antes de Peter Jackson criar a trilogia de O senhor dos anéis, John Boorman vislumbrou ainda nos anos 1960 uma adaptação da obra de Tolkien. Um detalhe, porém, chama a atenção: o elenco principal seria composto pelos Beatles. John Lennon como Gollum, Paul McCartney como Frodo, George Harrison como Gandolf e Ringo Starr como Sam. O grupo aceitou a ideia inicialmente. Só que muitas coisas assustaram os estúdios: o valor, o risco e a viabilidade de lucro. No fim, os Beatles se separaram em 1970 e ficou impossível reuni-los para o que fosse.
O pequeno príncipe, Orson Welles
Novamente ele, Orson Welles, tentou adaptar outra obra literária às telonas – na verdade foram muitos projetos, inclusive uma livre versão de Dom Quixote. Esta, porém, surpreende muito, pois se trata do clássico de Saint-Exupéry, O pequeno príncipe. Welles pretendia fazer uma mistura de stop-motion e animação para recreá-lo de uma forma mais próxima ao livro e chegou a se encontrar com Walt Disney para tanto. No entanto, o diretor demandou controle total da produção e Walt Disney não era do tipo que aceitava outra pessoa no controle.
Fahrenheit 451, Mel Gibson
No meio da década de 1990, Mel Gibson queria refilmar o clássico de Ray Bradbury para as grandes telas. Mesmo havendo o filme de François Truffaut de 1966, Gibson tinha a ideia de dar uma nova versão ao romance. Em certo ponto, Tom Cruise foi considerado para o papel principal. Segundo fontes, o próprio Ray Bradbury leu o roteiro junto com Mel Gibson e disse que o filme deveria ser filmado, pois “mostraria o quão estúpidos os estúdios podem ser.” Muitas reescritas do roteiro depois, o resultado ainda não agradava e foi lançado na gaveta.
Fontes:
Foxnews, Metalfloss e IMDb.