Enquanto esperamos para ver se o Leonardo DiCaprio finalmente levará o prêmio de melhor ator na 88ª cerimônia do Oscar, vale a pena conferir os livros que inspiraram os filmes na disputa deste ano
Quem se interessa por intrigas vai gostar de A jogada do século, do economista Michael Lewis. A obra serviu de base para o filme A grande aposta, que concorre em cinco categorias, incluindo melhor filme. O livro traz um retrato da crise financeira de 2008 e, mesclando humor negro e suspense, revela quem em Wall Street já sabia do estouro da bolha bem antes da mídia.
Para os fãs de política há também uma boa opção: a biografia Trumbo, de Bruce Cook, cuja versão cinematográfica pode premiar o ator Bryan Craston. Dalton Trumbo foi um roteirista americano perseguido pelo governo por ser comunista na era McCarthy. Ele foi preso e, após cumprir sua pena, não pôde voltar à Hollywood. A solução por ele encontrada foi trabalhar clandestinamente, vendendo suas histórias a preços baixos e sem creditar seu trabalho. Trumbo viveu assim por mais de uma década, mas conseguiu se reerguer – a ponto de levar um Oscar por A princesa e o plebeu.
Outra biografia na lista é Steve Jobs, do autor Walter Isaacson. O livro foi baseado em centenas de entrevistas; algumas com Jobs, e outras com parentes, amigos, funcionários e concorrentes dele. Tanto o livro quanto o filme (o qual pode premiar Kate Winslet) são bastante honestos e apresentam seu biografado com talentos e obsessões em medidas iguais.
Obsessão, por sinal, é o tema de O Regresso, que abocanhou impressionantes 12 indicações e pode ganhar como melhor filme. Escrito por Michael Punke, o livro traz a história de um caçador atacado por um urso e abandonado por sua comitiva para morrer. Isso em pleno século 19, em uma região de conflito com povos indígenas. Mesmo sem armas ou suprimentos, ele sobrevive, e é tomado por um desejo de vingança que o fará atravessar terras selvagens para encontrar os desertores. Uma prosa intensa para uma história assustadora e baseada em fatos reais.
Igualmente incômoda é a ficção Quarto, da irlandesa Emma Donoghue. A trama, que concorre a quatro Oscars, traz o menino Jack, de cinco anos, e sua mãe. Tudo que Jack conhece é o quarto onde mora. Lá ele come, aprende, brinca. E lá ele dorme, trancado no guarda-roupa. Jack não compreende, mas ele e sua mãe são prisioneiros de um velho psicopata. E, embora ele não entenda a dimensão do que vive, sua mãe tem consciência de que precisa escapar. Ela cria um arriscado plano de fuga, o qual conta, principalmente, com a astúcia do menino e muita sorte.
Quem procura uma obra mais tranquila vai se encantar com Brooklyn, de Colm Tóibín, que concorre a três estatuetas – dentre elas, a de melhor filme. A obra, passada nos anos 50, conta a vida de Eilis, uma jovem irlandesa que vai para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Lá, ela sofre para se adaptar à nova cultura, mas encontra o amor com um rapaz italiano. No entanto, quando um problema familiar a obriga a voltar para o velho continente, a moça conhece outro homem que deseja seu coração. E agora ela precisa descobrir quem ama – e qual lugar quer chamar de lar.
Ainda entre os livros mais leves, temos Perdido em Marte, de Andy Weir. Apesar da temática tensa (um astronauta é dado como morto em uma missão em Marte, e sua tripulação volta à Terra), a narrativa é bem alto-astral. Tudo graças ao bom humor inabalável do protagonista, que inventa planos mirabolantes para sobreviver enquanto tenta criar um modo de contatar nosso planeta. O filme concorre em sete categorias, incluindo melhor filme.
Outro título com diversas indicações – seis – é Carol. Escrito por Patricia Highsmith sob o pseudônimo Claire Morgan, o trailer traz a história de amor proibido entre uma jovem vendedora e uma dona de casa. Publicado em 1952, o título é um marco na literatura LGBT; um dos primeiros best-sellers que tratam o lesbianismo com naturalidade. O filme já conta com mais de 170 indicações a prêmios, e as protagonistas, Cate Blanchett e Rooney Mara, concorrem como melhor atriz e melhor atriz coadjuvante.
E, para fechar a lista, temos A garota dinamarquesa, de David Ebershoff. O romance, inspirado em uma história real, retrata a vida de Lili Elbe, possivelmente a primeira mulher trans a submeter-se a cirurgias de readequação sexual. A versão cinematográfica recebeu críticas pela escolha de um ator cis para interpretar o papel principal e por ocultar que a morte de Lili se deu por conta da rejeição ao útero recebido. Ainda assim, o filme agradou a crítica – ele já levou 18 prêmios pelo mundo e concorre a quatro estatuetas.
Lista em mãos, agora é escolher seus livros e filmes favoritos e torcer. Bom divertimento!