A Lenda do Rei Arthur: algumas curiosidades

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Quem nunca ouviu falar da lenda do Rei Arthur? Seja pela literatura, pelo cinema, ou simplesmente pela referência popular, acredito que todos conhecem pelo menos um pouco das aventuras do grande líder da Idade Média, vividas juntamente com seu conselheiro, o feiticeiro Merlin, e seus guerreiros, os cavaleiros da Távola Redonda. Existe inclusive a hipótese, levantada por alguns historiadores e curiosos, de que Arthur teria de fato existido, como figura histórica, ou que sua lenda tenha sido baseada em um famoso rei medieval da Grã-Bretanha, que expulsou os saxões invasores do terreno. Real ou não, e extremamente variada em versões, a questão é que a história do Rei Arthur ainda permeia nossa imaginação e desperta nossa curiosidade. Recentemente, li a HQ Arthur: Uma Epopeia Celta e assisti à série Camelot, que infelizmente foi cancelada ao fim da 1ª temporada, e é nessas referências principais em que me baseio aqui.

Capa das HQs da série "Arthur: Uma Epopeia Celta"
Capa das HQs da série “Arthur: Uma Epopeia Celta”

A história do Rei Arthur contêm aventuras épicas, batalhas, magia, paixão, lealdade, traição, temas populares e universais, por isso se perpetua pelas décadas. Arthur é o arquétipo do herói, encarnado em um soberano justo e destemido. Numa época em que a espada era a lei (título, aliás, de uma animação da Disney, também baseada na lenda), as conquistas eram realizadas no campo de batalha, o valor de um homem era medido por sua valentia. Mas isso não significa que os guerreiros também não tivessem a sua filosofia. Havia uma ética de guerra e a estratégia era muito importante para a vitória. Podemos mesmo interpretar essas batalhas de uma maneira metafórica e adaptá-las ao mundo contemporâneo. Em um dos textos introdutórios do editor brasileiro de Arthur: Uma Epopeia Celta (5ª edição), ele faz uma comparação entre as aventuras de Arthur, o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, e a competitividade do mercado de trabalho atual, especialmente na área de marketing. Esses prefácios do editor são muito interessantes, pois, além de esclarecimentos e indicações de filmes e livros, é feito um paralelo entre o universo medieval e o universo pop contemporâneo, abordando temas como as lutas no Nordeste e o cangaço brasileiro (gênero classificado como nordestern), Harry Potter, Star Wars, Macbeth, etc. Como se vê, a referência da lenda de Arthur está mais presente na cultura ocidental do que se imagina.

Além do espírito guerreiro, há também o tema da vassalagem amorosa, que surgiu de fato na Idade Média. A luta pelo amor é outra motivação dos cavaleiros. A mulher começa a se tornar uma figura forte, ponto de equilíbrio do reino, fonte de conforto e apoio para o guerreiro (ou causa de sua destruição). Guinevere, a rainha de Arthur, tem grande influência em suas decisões (e, segundo algumas versões, manipula o marido de acordo com as suas vontades). Tanto é assim que, quando descobre a traição da esposa com seu amigo e primeiro cavaleiro de Camelot, Lancelot, Arthur cai em desgraça. É irônico pensar que a causa da queda do reino, do fim de um glorioso império, são as intrigas humanas.

Seriado "Camelot"
Seriado “Camelot”

Em Camelot, o seriado britânico, Guinevere é noiva de Leontes, também cavaleiro do reino, e o triângulo amoroso é formado pelo casal e Arthur, numa lógica inversa (Arthur teria traído o amigo e não contrário). O interessante dessa série é que mostra o reino de Camelot em formação: como Arthur, ainda bem jovem, que foi criado como plebeu, descobre sua linhagem nobre e luta, auxiliado por Merlin, por organização e justiça em meio ao caos, tentando estabelecer um reino harmônico. Ele enfrenta desafios com o poder, precisa lidar com sua impulsividade e conquistar o povo, que critica todas as suas ações iniciais. Enquanto isso, Morgana, sua meia-irmã, que sempre ambicionou o trono, usa sua inteligência e seus poderes para tomar a coroa. Enquanto Morgana usa e abusa inescrupulosamente de seus poderes, Merlin tem receio de usar sua magia, pois diz que há um “custo” no corpo e na alma e que pode se viciar e perder o controle. Numa visão mais maniqueísta, pode-se definir Morgana como uma feiticeira do mal e Merlin como um mago do bem. Porém, na realidade, a questão é muito mais complexa e relativa.

Enfim, eu poderia falar ainda da modificação feita pelo catolicismo da versão original celta (pagã), da demanda do Santo Graal e de inúmeras outras personagens… Mas ocuparia muito espaço e não é o foco no momento. Como se percebe, esse é um assunto inesgotável, que pode ser explorado por várias vertentes, históricas, culturais e religiosas. Você pode se informar um pouco mais nestes sites:

Fontes: aqui e aqui

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