Entre nós & entrelinhas: Que livro você pensa que é?

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Que livro é você? Assim começa a matéria do site Educar para Crescer e, logo em seguida, vem a pergunta: “Se você fosse um livro nacional, qual livro seria? Um best-seller ultrapopular ou um relato intimista?” e, surge o convite: faça o teste e descubra. Muitos devem ter feito esse teste. Aliás, matéria muito atrativa para os amantes da leitura e para aqueles que adoram um teste, com o intuito de se descobrir ou se redefinir como pessoa. Por fim, decidi dialogar com esse pequeno trecho da matéria e expor aqui algumas conjecturas acerca desse questionamento: Que livro você pensa que é?

Diariamente, nos deparamos com testes, “psicotestes”, enquetes ou questionários em revistas que movem leitores afoitos a fim de se redescobrirem. Na verdade, muitas vezes é bem divertida essa questão de encontrarmos no terceiro, algo que nos defina como pessoa. Então, divaguei entre esse assunto e pensei, “Que livro eu sou?” Se eu pudesse escolher, ou melhor, me definir, se eu tivesse que usar como um cartão de visita para mim um dos livros que eu li durante a minha vida, qual me definiria melhor? Muito difícil.

A dificuldade se encontra na simples questão: somos múltiplos. Um dia somos afoitos, outros mais introspectivos. Noutro dia estamos melancólicos, noutro com tendências homicidas! Os acontecimentos diários vão traçando em nossos dias e em nossa vida momentos e inquietações, bem como um estado de espírito particular ao qual passa a formar o que somos.
Da mesma forma podemos dizer sobre a nossa opinião sobre um livro. Às vezes, um mesmo título pode ser maravilhoso para uma pessoa e desprezível para outra. Quem está com a verdade? A verdade não pertence a ninguém. Cada um é dono da sua vida e da sua verdade. Então, como me definir num único livro? Impossível! Há também aquelas obras que numa certa época da nossa vida foi perfeita, mas se lermos em outro momento, a julgaríamos como inútil ou sem graça. O livro é assim, tem o poder de causar várias impressões na mesma pessoa ou em uma multidão de leitores. Ele é múltiplo.

Eu poderia dizer que Vidas Secas, de Graciliano Ramos, me representaria pelo sentimento que tenho para com os animais, pela luta pela sobrevivência nesse mundo capitalista, porém do outro lado, tenho a menina que registra todos os acontecimentos, como forma de se perpetuar, em o Diário de Anne Frank. Em contrapartida, tem dias que sinto que preciso ser A Bela Adormecida, pois preciso dormir para descansar! Noutro momento, sei claramente que sou um livro didático, repleto de regras e afazeres, condizente com a minha condição de professora.

Rascunhos e 1ª edição do Grande Sertão de Veredas
Rascunhos e 1ª edição do Grande Sertão de Veredas

Muito difícil essa tarefa. Posso aqui, me reservar no direito afirmar que sou os livros que eu escrevo. Lá, entre as palavras que vou traçando, está um pouco de mim. Em suma, sou palavras jogadas num emaranhado de linhas, brigando e brincando entre as páginas, pulando de folha em folha e me firmando em “Livro-Eu”. Sou um livro. Sou minhas palavras. Então: Leia-me ou te devorarei! (Enigma da Esfinge – mitologia grega).

Afinal, “Que livro você pensa que é?” Se desejar, faça o teste!
Luz e livros a todos.

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