Entrevista exclusiva com o escritor Luiz Biajoni, autor da Trilogia A Comédia Mundana

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Obras marginais do escritor de Americana ganham espaço nas prateleiras convencionais numa trilogia reunindo estórias policiais regadas a muito sexo e humor (vídeo no fim da matéria)

O Homo Literatus esteve na noite de lançamento da trilogia A Comédia Mundana, escrita pelo jornalista e escritor Luiz Biajoni, e editada pela Língua Geral, que já havia publicado antes seu último livro Elvis e Madona, inspirado no filme de mesmo nome, onde narra a história de amor entre ima lésbica e uma travesti.

O evento foi realizado na sexta-feira (8), no segundo andar da Livraria Sabor Literário, no bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Entre amigos e admiradores do escritor, Biajoni concedeu uma entrevista exclusiva para o site contando sobre a trilogia composta por três novelas pornô-policiais. Ele nos contou, por exemplo, que sua primeira tentativa de publicação, ocorrida há quase dez anos, foi um tanto quanto desastrosa e frustrada. O livro foi recusado por dezesseis editoras.

O escritor Luiz Biajoni - Rio de JaneiroO escritor Luiz Biajoni autografando sua trilogia em noite de lançamento no Rio de Janeiro

A recusa parecia denotar ao excêntrico título concedido à primeira novela; tratava-se de nada mais, nada menos que Sexo anal, uma novela marrom. Sem alternativas de publicação, e para que o livro não fosse, de fato, engavetado, o escritor resolveu disponibilizá-lo para download na internet.  O resultado foi viral. Logo o jornalista e escritor de Americana, interior de São Paulo, tornou-se um fenômeno literário da rede, conseguindo ser publicado por uma pequena editora independente, que lançou, em seguida, sua segunda novela, que compõe a mesma trilogia: Buceta, uma novela cor de rosa.

Biajoni se tornou um convicto escritor trash-pop dentro do grupo dos prosadores marginais da literatura brasileira, ainda que elogiado por jornalistas, blogueiros e leitores. Posterior às duas novelas, publicou um livro mais comportado — ao menos no título. Uma novela, um conto, nem o escritor sabe classifica-lo bem: Virgínia Berlim — uma experiência, editado por um selo independente, hoje inexistente, com uma tiragem pequena, e que contava ainda com um CD com canções de Lou Reed, Chet Baker, Nick Cave entre outros.

Capa da trilogia A comedia mundana, de Luiz Biajoni, editado pela Lingua Geral.Embora os títulos de suas duas primeiras novelas somados com a terceira até então inédita, Boquete, uma novela vermelha, que fecha o repertório de A Comédia Mundana, possam assustar de antemão aos mais conservadores, seus livros são divertidíssimos e super bem escritos, mesclando entre o universo das obras de escritores como João de Minas, Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca, sem deixar de ser o Biajoni. E embora seja falado sobre sexo ausente de performáticas poéticas, sua pornografia não é apelativa ou de senso demasiado vulgar. A sexualidade humana é tratada de maneira natural dentro da atmosfera íntima de suas personagens envolvidas em tramas moduladas por conflitos de relacionamento, taras sexuais e crimes reportados por jornalistas.

Apesar das quase 500 páginas que apresentam o livro, dificilmente o leitor terá dificuldades para terminar de lê-lo, e é bem possível que o leia em dois ou três dias no máximo, do tamanho talento de seu escritor, que consegue nos manter presos em sua narrativa ágil, bem articulada, magistralmente instigante e próxima ao cinematográfico.

Para os seus leitores que já o acompanhavam desde as pequenas edições independentes, esta trilogia é um presente e tanto, trazendo na capa uma ilustração, assinada por Benício da Fonseca, que mostra uma de suas personagens atirando num homem, em um design supostamente inspirado nos antigos quadrinhos de gênero policial dos anos 70 e 80. Aos que não conhecem o criador desta Comédia Mundana, uma ótima dica entre os lançamentos nacionais da literatura neste final de ano.

Confira a entrevista exclusiva com o escritor Luiz Biajoni na íntegra abaixo:

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