6 Casais de escritores que marcaram a história

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O que acontece quando duas mentes criativas se unem romanticamente? Drama, felicidade ou morte, mas, em todos os casos, muito, muito material literário. Confira esta seleção de 6 casais literários que teriam muito – ou não – a comemorar neste dia dos namorados.

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1 – Mary Shelley e Percy Bysse Shelley

Mary Shelley Percy

A autora de Frankenstein e o célebre poeta de Ozymandias iniciaram seu romance enquanto Percy ainda estava casado com Harriet Westbrook. Mary era filha de William Godwin, mentor e ídolo de Shelley, e filha de Mary Wollstonecraft, famosa feminista da época. As ideias políticas de Percy encontraram no intelecto prodigioso de Mary uma parceira ideal, e o casal ficou junto até a morte dele, afogado enquanto velejava. Casaram-se dois anos depois de fugirem para a Suíça, após a morte da esposa de Shelley, tendo sido motivo de vergonha e escândalo para a família. Foi Mary quem cuidou do legado de Percy, embora a sua poesia não tenha ficado tão famosa quanto as ideias políticas, que já pregavam, no século XIX, o discurso da não-violência e até mesmo o vegetarianismo. O casal fazia parte de um círculo invejável de literatos da época, como Lord Byron e o próprio William Godwin. Acredita-se que Frankenstein tenha tido grande influência de Percy, e alguns estudiosos clamam que a autoria do livro é, em parte, sua; segundo a própria Mary, no entanto, sua influência foi essencial, mas não tão grande assim: “I certainly did not owe the suggestion of one incident, nor scarcely of one train of feeling, to my husband, and yet but for his incitement, it would never have taken the form in which it was presented to the world.”

 

2 – Sylvia Plath e Ted Hughes

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É impossível estudar sobre Plath sem esbarrar com o nome de Hughes, e vice-versa. O casal, que se conheceu em Cambridge em 1956, casou-se apenas 4 meses depois e foi tema de diversos livros biográficos que tentam resgatar os pedaços de tão tumultuada história, apenas para entender melhor a indecifrável relação que se passou entre os dois poetas. Sylvia já tinha um histórico de depressão e tentativas de suicídio quando se envolveu com Hughes, considerado, hoje, um dos maiores poetas da literatura inglesa. Em 1962, ela descobriu que o marido mantinha um caso com Assia Wevill, o que a levou à separação. No ano seguinte, Plath cometeu o suicídio por envenenamento com monóxido de carbono, colocando a cabeça no forno com o gás ligado. Três anos mais tarde, Assia Wevill faria o mesmo. Plath e Hughes tiveram dois filhos, e, após a morte de Sylvia, Ted ficou responsável pela sua obra, cuidando da publicação que a colocaria na história: o volume de poemas Ariel. Nos primeiros anos de casamento, no entanto, Sylvia e Hughes trocaram experiências significativas para as obras poéticas de cada um, como pode ser visto no depoimento dele a uma rara entrevista da BBC: “In this way, two people who are sympathetic to each other and who are right, who are compatible in this sort of spiritual way, in fact make up one person — they make up one source of power, which you both use and you can draw out material in incredible detail from the single shared mind. (…)It’s a complicated idea to get across, because you’ve first of all to believe in this sort of telepathic union exists between two sympathetic people.

 

3 – Virginia Woolf e Leonard Woolf

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Virginia e Leonard se conheceram no círculo literário que viria a ficar conhecido como Bloomsbury Group, no início do século XX. Leonard, membro de uma famosa sociedade secreta em Cambridge, é pouco conhecido pelo trabalho literário, mas escreveu diversas obras depois de casar com Virginia. O casal tinha uma relação feliz, tendo Leonard apoiado Virginia durante suas sérias crises nervosas, quando ele mesmo sofria de depressão. Fundaram, juntos, a Hogarth Press, editora que publicaria os trabalhos do Bloomsbury Group e viria a se tornar parte da Random House. Leonard era judeu, fato frequentemente evocado para se referir ao antissemitismo que imperava na Europa na época, e do qual a própria Virginia mostrava indícios, sempre estereotipando seus personagens judeus de maneira negativa; a própria Woolf, mais tarde, chamaria este preconceito de esnobe, defendendo o marido. O casal Woolf, como tantos na Europa, já se posicionava contra o fascismo antes de saberem que estavam na lista negra do nazismo. Antes de se matar, em 1941, Virginia deixou uma carta para Leonard, em que agradecia pelo apoio incondicional: “I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that—everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can’t go on spoiling your life any longer. I don’t think two people could have been happier than we have been.”

 

4 – F. Scott Fitzgerald e Zelda Fitzgerald

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O famoso casal da geração perdida teve um casamento tumultuado. Antes de aceitar se casar com Scott, Zelda o rejeitou por não acreditar que a sua situação financeira fosse suficiente para sustentá-la. O autor de O Grande Gatsby começou, então, a cortejá-la incessantemente, mantendo correspondências enquanto ela abertamente namorava outros homens. Após a admissão do primeiro romance de Scott, This Side of Paradise, Zelda concordou em casar-se com ele. Mas o marido acabaria lhe tirando mais do que inspiração: além de moldar personagens baseados em Zelda e utilizar os problemas conjugais como material, Scott copiaria pedaços inteiros do diário da esposa em seus livros. Zelda faria piadas publicamente com o assunto, profundamente ressentida, e o casamento, que já enfrentava problemas com o estilo de vida dos dois, a esquizofrenia dela e o alcoolismo dele, além das dívidas, foi rapidamente à ruína. Zelda, no entanto, inspirou diversas heroínas de Fitzgerald, entre as quais Daisy, ao afirmar que gostaria que a filha fosse “bela e tola”. Zelda escreveu apenas um livro, Save me the Waltz, romance auto-biográfico sobre o casamento com Scott. Como, contudo, ele mesmo já escrevia, então, uma novela sobre o casamento deles, a publicação de Save me the Waltz teve pouco sucesso, com Scott chamando a esposa de plagiadora.

 

5 – Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir

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Sartre e Beauvoir se conheceram enquanto estudavam para um dos mais difíceis testes superiores na França. Sartre passou em primeiro lugar, e Beauvoir, então com apenas 21 anos, em segundo. Desde então, tornaram-se inseparáveis. Beauvoir nunca quis casar, mas os dois mantiveram uma relação aberta pelo resto da vida. Filósofos do existencialismo, Sartre venceu o Nobel em 1964, mas recusou o prêmio, por não gostar de receber honrarias oficiais. Conhecida principalmente pela sua contribuição na área do feminismo, Beauvoir teve muita influência do parceiro, com quem discutia todos os trabalhos e dividia amantes. Durante o período em que Beauvoir lecionou na França, diversas controvérsias envolvendo alunas se instalaram; Simone e Sartre mantinham um acordo no qual ela seduzia alunas e então as levava a ele. Mais tarde, os dois viriam a lamentar o ocorrido, que teria prejudicado algumas meninas psicologicamente. Com Beauvoir afastada das salas de aula, suas obras literárias encontraram caminho, tendo as experiências com Sartre e suas amantes servido de material. Os dois também exploravam o peso que as Guerras tiveram em suas vidas, a exemplo de The Roads to Freedom, em que Sartre analisa os efeitos da Segunda Guerra Mundial sobre sua visão de mundo.

 

6 – Ernest Hemingway e Martha Gellhorn

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Hemingway e Gellhorn trabalharam exaustivamente cobrindo guerras; foi durante uma viagem de família a Key West, onde Hemingway morava, no entanto, que se conheceram. Jornalistas literários da época, os dois cobriram a guerra civil da Espanha, mas, durante o casamento, terceiro de Hemingway, as viagens extensivas de Gellhorn atrapalharam a relação. Hemingway sentia falta da esposa, mas o foco de Martha sempre foi revolucionar o que ficou conhecido como cobertura de guerra. O casal se separou após 5 anos de casamento, e Martha detestava ser ligada a Hemingway, recusando-se a falar dele em entrevistas, porque “não tinha a intenção de ser a nota de rodapé na vida de alguém”. Apesar de escrever novelas, Gellhorn não ficou conhecida, como Hemimgway, na área literária: acabou contribuindo de verdade para o jornalismo, mesmo que se considerasse uma autora antes de uma jornalista.

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