8 Referências literárias em músicas brasileiras

0
8 Referências literárias em músicas brasileiras

O que a música e a literatura têm em comum que permita a aproximação entre ambas? Conheça oito músicas que têm referências literárias

Tanto a música quanto a literatura são responsáveis por fazerem com que o ouvinte ou o leitor, induzido pela maestria do compositor/músico ou do escritor, construa um universo de sentido a partir daquilo que ouve ou lê. A cada música ou a cada livro, o indivíduo é capaz de fazer suas interpretações a respeito da arte com a qual teve contato por meio de suas experiências de vida, ou seja, por meio de sua vivência.

A literatura muitas vezes recorre à música para enriquecer o texto, traz referências musicais, trechos de músicas, menciona cantores e compositores. Às vezes, o ponto inicial de um texto literário, ou o seu mote, se assim podemos dizer, se dá a partir de um trecho de música. Já publicamos aqui no Homo Literatus, inclusive, uma matéria relacionada a isso, intitulada A música brasileira na literatura, a qual vale a pena conferir.

No entanto, nesta matéria, faremos o caminho contrário. Selecionamos oito canções, com seus devidos intérpretes destacados, que fazem referências a textos literários de algum modo. Algumas apenas citam escritores, outras trazem trechos de obras literárias e outras, ainda, são textos literários musicados. É claro que existem muito mais de oito canções que tenham alguma ligação com a literatura, mas este é apenas um pequeno recorte, o qual, vale mencionar, apresenta apenas músicas brasileiras.

Confira!

1. Monte Castelo, interpretação de Legião Urbana

Esta canção da banda de rock brasileiro Legião Urbana foi baseada no soneto 11 do livro Os Lusíadas, de Camões. Além de trazer citações do poeta português, a canção apresenta trechos do capítulo 13 de Coríntios, livro da Bíblia.

Ouça aqui! 

2. Mulher, interpretação de Ana Canãs

1-ana-canas-1435089509795_615x300
Ana Canãs

A canção Mulher fala sobre todas as mulheres existentes: gays, héteros, bi. Mulheres que independente de suas escolhas, cores, raças e atitudes ainda são e sempre serão mulheres. E aí entra a referência a um clássico da literatura universal, que é  Medeia, de Eurípedes: “Já caí, sobrevivo e levo a vida / Já traí, fui traída / Medeia minha amiga”.

Ouça aqui!

3. Amor é pra quem ama, interpretação de Lenine

A canção é uma parceria entre Ivan Santos e Lenine. Tem como mote uma citação de Grande Sertão Veredas, clássico da literatura brasileira escrito por Guimarães Rosa. A música traz o trecho em que Riobaldo, personagem do livro, diz “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso pra loucura”. Assim como o trecho, a música é lindíssima.

Ouça aqui! 

4. Elegia, interpretação de Caetano Veloso

Caetano Veloso, considerado uma das maiores vozes da MPB

Elegia é uma canção baseada nos versos de “Elegy: going to bed”, do poeta metafísico inglês John Donne. No Brasil, nos anos 70, o poeta concretista, escritor e ensaísta Augusto de Campos se dedicou à obra de Donne e a traduziu. Essa tradução inspirou de imediato o músico e compositor Péricles Cavalcanti, que musicou os versos de “Elegy: going to bed”, depois tratou de apresentar a Caetano Veloso para que ele a incluísse em seu próximo disco, “Cinema Transcendental”. Mais tarde a música também foi gravada por Simone.

Ouça aqui!

5. Só as mães são felizes, interpretação de Cazuza

Além de fazer referências a escritores, como Ginsberg e Rimbaud, no trecho “Nunca viu Allen Ginsberg / Pagando michê no Alaska / Nem Rimbaud pelas tantas / Negociando escravas brancas”, essa canção tem como título (Só as mães são felizes) uma frase de Jack Kerouac. Cazuza declarou, em entrevistas, que esse verso de Kerouac o intrigou, a partir disso tratou de colocá-lo em uma canção. O cantor era fã confesso dos beats e um leitor voraz. A canção também foi gravada por Barão Vermelho.

Ouça aqui!

6. Dom Quixote, interpretação de Engenheiros do Hawaii

A canção faz uma clara alusão ao texto original do Espanhol Miguel de Cervantes. O Quixote de Cervantes é uma das personagens mais conhecidas da literatura universal, o qual foi criado num tempo em que alguns homens viviam como cavaleiros medievais. Dom Quixote era um homem que ansiava ser um cavaleiro em luta por seus ideais. Essa questão da luta por ideais, presente na obra literária, fica clara na letra de Humberto Gessinger, líder e letrista da banda Engenheiros do Hawaí, de modo adaptado ao período de lançamento da música, evidentemente.

Ouça aqui! 

7. Sonho impossível, interpretação de Maria Bethania

Não é segredo a paixão da cantora por Fernando Pessoa. Em vários de seus shows, ela declama e até trata de musicar os poemas do escritor português. Uma dessas transposições da literatura para a música, feita por Bethânia, é a canção Sonho impossível, que tem por base o poema homônimo de Pessoa.

Ouça aqui!

8. Ausência, interpretação de Itamar Assumpção

A canção Ausência, interpretada por Itamar Assumpção, tem origem em uma parceira com Ademir Assunção, poeta que, para não quem ainda não conhece, já até levou um Prêmio Jabuti de poesia para casa com o livro A Voz do Ventríloquo (2012). Alguns poemas de Ademir Assunção foram musicados; dentre eles, o mais conhecido ainda é “Ausência”.

Ouça aqui!

Não há posts para exibir